On The Nanquim: Hitomi

Quando pegamos um HQ com traço ou temática oriental logo tachamos de mangá, o que não chega a ser errado, porem que atrapalha um pouco devido ao preconceito que muitos nutrem. De um lado nerds  que detestam mangás, do outro otakus que pensam o mesmo quanto aos quadrinhos, sendo que no fim ambos estão apenas generalizando e deixando de lado diversas histórias. Perdendo um pouco de cultura por ideais que não deveriam existir.

HQ é Mangá, assim como nerd hoje em dia é sinônimo de otaku, e vice versa. Mas não e disso que vamos falar, e sim de outra primeira impressão muito comum nesses casos, a de que o produto se foca em pontos muito específicos da cultura japonesa ou que emula trejeitos de obras mais famosas.

Sem dúvida os “iniciados” vão fazer uma relação ou outra com Ghibli e afins, mas Hitomi se encaixa melhor fora de todo esse achismo, sendo de fato uma obra autoral. Um conto de cotidiano, de poucas falas, que a medida em que prosseguimos entra na fantasia, mas não de forma drástica, puxando mais para uma aventura.

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Na história acompanhamos Hitomi, uma garota tímida, com características que eram comuns a muitos de nós nessa idade, 8 anos, mas que ainda assim se mostram estranhas, beirando ao autismo, o que talvez seja o caso, ou não. Uma sensação proporcionada exatamente pela falta de diálogos e todo esse viés magico que surge do nada, parecendo imaginação até o ponto H.

Existi sim um plot twist que serve para fixar tudo, colocando um certo drama, fomentando a fantasia e servindo de plano para uma linda mensagem, que enquanto preenche os olhos de alguns com lagrimas traz para outros uma certa liberdade, não por ser cruel, mas sim poderosa.

Logo como podem ver não existe todo esse Q de mangá, sendo apenas o ambiente oriental, enquanto todo o resto e moderno e consegue se encaixar perfeitamente em qualquer sociedade. Pois aqui tratamos de vida, imaginação, amizade, separação e vinculo familiar.

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Ao mesmo tempo, nada aqui remete a HQs, ao menos do modo que muitos enxergam. Esqueça as grandes empresas e fuja dos Estados Unidos, ao menos por um momento, e talvez você enxergue influenciais europeias. Porem logico, não me refiro a traços detalhados de mulheres e bárbaros, e sim a algo mais La Maison En Petit Cubes.

Mas espera, esse não é um curta Japonês? Sim, eu sei, dei voltas, mas o uso de exemplo exatamente por ser um trabalho oriental com foco na vida e de traço tão diferente do que é comum para mangakas que acabou sendo mais conhecido por seu nome francês.

La france, oui oui. Esta é a chave para entender o que tento passar. Veja bem, no país da baquete existe uma grande influência da cultura japonesa, visível principalmente nas animações, e ainda assim os cartoons da região se mantem com um estilo único e bastante variado, similar ao que ocorre em Hitomi.

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Ao invés de copiar o traço de algum ilustrador famoso ou seguir o “padrão”, George Schall mescla influencias e cria algo so dele, se utilizando de cores e espessura dos traços para criar profundidade e separar momentos específicos da obra.

O mesmo pode ser dito do roteirista Ricardo Hirsch, o qual conta sua história de maneira mais cinematográfica, quase que frame a frame, devido a sua formação. Algo que consigo imaginar facilmente se tornando um curta algum dia.

Então, basicamente Hitomi não é mangá, nem HQ, e ao mesmo tempo é tudo isso. Uma história infantil, mas madura, de público amplo e influenciais diversas. Sem dúvida algo para correr atrás. E quanto a mensagem passada? So digo isso: Descubra por meio da leitura.

Texto publicado originalmente em 17/02/2017

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