O halloween está chegando, e para tal preparamos uma serie de textos e vídeos, até mesmo um podcast, somente para comemorar a semana das bruxas, monstros e outros seres que rondam nosso imaginário.
É enquanto seria fenomenal falarmos de Stranger Things e seu brilhante uso de dimensões conectas por arvores, vamos para um outro lado, que apesar de lembrar vagamente a serie se encaixa melhor no apresentado no fracasso de bilheteria O Último Caçador de Bruxas, o qual também apresenta um mal milenar conectado as florestas.
E nesse momento me pergunto, por que um cenário comumente utilizado para mostrar nosso fascínio pela natureza também se mostra tão assustador? Eu poderia mencionar as formas que enxergamos por entre as folhas, desenhadas pelas rachaduras da casca ou dos longos braços de dedos finos que damos pelos galhos, mas no fim acredito que seja algo mais primitivo, enraizado, não tão voltado para o uncanny valley como pensamos.
Quando estamos sozinhos é comum pensarmos mais do que devíamos, e isso faz a imaginação fluir, mas quando mechemos com um medo relacionado a algo como uma floresta, lar de predadores e ambiente cercado por relevos perigosos, nos voltamos ao nosso instinto. Vamos ser devorados, podemos nos perder, não tem luz, posso me acidentar…
Fatores que sempre devem ser considerados e que estão presentes em Wytches, porem num contexto ainda mais aterrorizante onde realmente existem bruxas vagando na floresta. Criaturas que se camuflam nas arvores, vagam pelas sombras, se alimentam de humanos e fazem eles se perderem, se distanciarem da sociedade, até a hora do “acidente”.
Por que o uso desta última palavra? Pois juntamente do terror incompreensivo temos um ar de conspiração misturado com suspense que vai levando a obra, junto do brilhante uso de flashbacks que conectam diálogos do passado e presente.
Você fica nervoso, querendo devorar as páginas, buscando entender os acontecimentos, e quando tudo culmina numa resposta o HQ se transforma, leva a ação, o outro lado, homem versos natureza, exceto que aqui o predador é um monstro digno de um Silent Hill.
As táticas parecem fazer sentido, sendo eles velhas conhecidas de quem acompanha obras de terror ou os icônicos detetives sobrenaturais. Nada novo, mas que não atrapalha o enredo e ainda deixa uma ou outra surpresa a espera.
O único ponto negativo, infelizmente, é o final. Ele possui alguns pontos que soam ridículos, aparentando ser algo corrido, e não se mostra tão satisfatório como o restante do volume.
Sim, eu sei que este não é o fim do HQ, e espero ansioso pelo próximo volume, o qual se dermos sorte deve sair em 2017. O final realmente me incomodou, mas recomendo a leitura pela jornada, pois mesmo que cancelada a obra ainda possui muitos elementos divertidos e o volume inicial consegue se manter por si mesmo.