Retornemos a 2014, ano em que a editora JBC idealizou o concurso Brazil Manga Awards e ao seu terminou presenteou a nós e aos vencedores com a antologia Henshin! Manga, ao mesmo tempo em que desacreditou diversos autores e ilustradores, em sua maioria iniciantes. Uma consequência comum ao realizar esse tipo de premiação.
Enquanto para alguns participantes que me buscaram eu disse gentilmente que a derrota não é o fim da jornada, mas apenas um ponto para ser analisado e servir de alicerce para as futuras obras, tratei de forma talvez até um pouco rude a dupla Marcel Ibaldo e Max Andrade, mesmo tendo um tremendo respeito por ambos.
Digo, eu não ofendi ninguém, mas numa solicitação de crítica enviei ao Max um texto rápido, extremamente pessoal, e repleto de achismo, onde eu apresentava aquilo assim e assado sobre o porquê eles falharam ao agradar um jure o qual eu não sabia dos critérios.
Naquela ocasião a obra enviada ao concurso foi o Múltipla Escolha, que mais tarde saiu impresso e me foi presenteado pelo Raphael Soma do nobunami. Um título que declarei como desejável e portanto me foi enviado na véspera de meu aniversário.
Porem esse meu querer vinha da necessidade de corrigir meu ato, ou seja, entregar uma resenha profissional, falando dos pontos positivos e negativos e deixando de lado que esta foi um one-shot recusado em um evento.
A história apresentada foi a de um vestibulando o qual passa pelos conflitos decorrentes de uma eliminação constante ao se prestar o vestibular. Algo que muitos nunca testemunharam, mas que faz parte da realidade da maioria.
O personagem central, Jeff, é um sujeito arrogante e narcisista cuja personalidade aflora ainda mais ao se dar bem na primeira etapa, sendo posicionado como o melhor estudante. A quarta tentativa, o momento sem volta, a derradeira vitória, mesmo ainda existindo outra prova e uma redação.
A medida em que o enredo avança vemos Jeff interagindo com outros personagens que demonstram direta ou indiretamente o que acham de sua confiança, ao mesmo tempo que este se estressa cada vez mais.
No geral, acho tanto ele como boa parte dos coadjuvantes um bando de babacas, e foi isso que me fez não gostar da HQ da primeira vez e atrasou tanto esse texto, pois querendo ou não é uma leitura que me incomoda.
Eles são humanos, talvez até demais, pelo menos com base nas experiências que tive. Eu sou uma criatura que suspeita de todos e evita criar laços, pois constantemente me vi sendo motivo tanto de fofoca como de acusações diretas. Logo eu fico aflito e pensativo a cada página, tornando uma leitura rápida num esforço Herculano.
Mas deixando isso de lado, a proposta e sem dúvida interessante e diferente de tudo que eu já li. Algo que acusei como não sendo ideal para a JBC, mas que adoraria ver, mesmo desgostando, ganhando talvez uma versão mais completa, quem sabe seriada, apesar da dificuldade de estender uma história dessas.
Digo isso pois é algo com potencial de cativar os jovens que passam por esses males, ao mesmo tempo que os faria pensar em boa parte das decisões que tomaram até aquele ponto de suas vidas. Principalmente se tratando do que cursar.
Único ponto do gibi que não gostei, e dessa vez incluo este paragrafo como uma verdadeira crítica negativa, é o momento em que a mãe de Jeff aparece. A gêmea, acredito eu, de sua tia, que tem como proposito apenas aumentar o número de páginas e criar um rápido e estranho embate, que nada acrescenta.
Resumindo, se você está no ensino médio, estudando pro vestibular ou passou por essas etapas da vida a pouco tempo, eu realmente recomendo Múltipla Escolha. So esteja ciente que esta é uma história character driven que não busca sua empatia pelos personagens.
Ficou bom? Convencia alguém? Tá clara minha opinião? Enfim, não importa. Eu acho que tá demais, pois de arrogante e narcisista todo mundo tem um pouco. Um parágrafo perfeito para encerrar, não fosse que neste mesmo post estamos fazendo o anuncio de um novo quadrinho da dupla.
“E então, estão sentindo o Hype!?” Tenho certeza que a essa altura vocês estão todos URRANDO por mais um comic sobre vestiba. E apesar de The HYPE não ser bem no mesmo tom, conta com um protagonista que dá aula pros ferrados de plantão.
Mauro é um professor de cursinho pré-vestibular, mas não qualquer um. Ele dá aulas comunitárias, vive sem grana e pode nem bancar um fone novo. O cara tá na pior, se diz como realista, mas no fundo tenta seguir sua aspiração para herói.
Então num dia que tudo parece estar indo do ruim pra pior seu headset pifa de vez e ZAP! Raios, corpo piscando, raio-x estilo cartoon e um esqueleto tostado, numa única página! Será que ele morreu ou foi transportado para outra dimensão? Talvez esta seja uma história de origem de herói e ele é uma espécie de Super Choque, ou vai ver o cara desmaiou e tá em algum sonho estilo Kisswood.
Quem guarda estas e mais respostas são Marcel Ibaldo e Max Andrade, os quais precisam de sua colaboração para poder publicá-las nas 48 pgs de The Hype. Um material que pode ser adquirido através do investimento de 25 reais via Catarse, uma plataforma de financiamento coletivo.
Além de receber The Hype a cada tier de investimento você ajuda a tornar o acabamento da obra mais caprichado, como a inclusão papel mais grosso, tamanho maior e acabamento especial, e ganha as outras obras da dupla, incluindo Múltipla Escolha.
Então está esperando o que? Acesse a página do projeto clicando na imagem abaixo e não esqueça de divulgar essa postagem. Todo tipo de ajuda é bem-vindo!
Texto publicado originalmente em 22/07/2016