Para você o que seria a pós morte? Um templo no céu? Uma clareira com frutas silvestres? Um calabouço sombrio? Rochas derretidas pelo magma? Seja algo bom ou ruim, existem milhares de visões sobre o que pode vir a ocorrer depois do falecimento, mas a única coisa em comum entre todas estás e que se trata de ficção. Ninguém de fato sabe, e jamais saberá, a resposta para este mistério.
Então eis que chega Scott Snyder, autor recorrente de Batman e excepcional roteirista de histórias de terror, com uma nova obra que propõem revelar este segredo. Ao seu lado temos Jeff Lemire, criador de obras fantásticas como Sweet Tooth e Trillium, o qual ilustra o título.
Por ser um tema simples, mas ao mesmo tempo complexo, e diriam alguns que até mesmo pesado, a HQ propõe passar por sua introdução, meio e fim de maneira rápida, totalizando 3 curtas edições mensais, começando a partir de Novembro deste ano.
Sendo a primeira não uma introdução a morte, mas uma quase crônica sobre uma viagem de carro. Algo pacato, que poderia preencher alguns minutos das rotineiras reuniões de família, mas que possui um significado oculto, simbólico, para o nosso personagem.
Eis sua mais antiga memória. Algo que é dito como um fator decisivo no destino de um ser, pois revela detalhes cruciais de como sua vida vira a ser, mesmo não existindo nenhuma ciência ou “verdade” ocultista que a possa estudar.
Um conto diria eu poético, sem balões, com quase nenhuma ilustração. Apenas figuras estáticas num cenário de aquarela, repleto de azul e amarelo, dando a impressão de um sonho antigo. Uma memória distante. Uma lembrança que serve de prelúdio a morte.
Acabou-se o céu nublado, as luzes flutuantes e a gritaria. Os tons mudam, o garoto cresce, agora barbudo, na selva, no futuro. Literalmente algo saído de um sci-fi. Você não sabe o que está acontecendo, mas Jonah sim. Ele se mostra esperançoso, então nervoso, amedrontado, sente dor, vem o sufoco. “O que são essas coisas?” Será que ele pensou nisso, ou será que apenas sucumbiu?
Sim, eu falei pouco, disse muito, expliquei nada. Mostrei apenas palavras. Pois acredito que você tenha de ler para entender o que se passa, e apenas deixo esse texto aqui como um registro do que a obra me fez sentir e pensar.
Minha memória mais antiga sou eu num local alto, embasbacado com um brilho dourado ofuscante. “Primeiro ano, primeiro gol”. Eis os disseres do troféu que o chefe de meu pai presenteou à mim quando fiz um ano de idade. Uma chuteira que ele teve de segurar com a mão oposta com a qual me mantinha no colo.
Mas o que tudo isso significa? Vou ser um jogador de futebol, ganhar dinheiro e atingir o patamar mais alto? Logico que não. Se fosse algo simples assim, teria alguma ciência ou “verdade” ocultista para estudar meu caso. Não uma HQ apaixonada que surgiu de uma simples pergunta.
“Pai, posso me aconchegar com você mesmo depois que você falecer?”