Após Devilman, o qual já resenhamos aqui no site, foi a vez de Cutie Honey ganhar sua versão definitiva em terras brasileiras, chegando novamente pelas mãos da New Pop. E enquanto muitos fãs assíduos do Go Nagai tenham ficado empolgados com a obra, lhe deixo essa pergunta. Você deveria ler o mangá?
Para responder essa pergunta eu fui atrás de Cutie Honey e posteriormente de sua sequência, Cutie Honey 90’s, para tirar qualquer dúvida pendente. Isso pois estamos falando de Go Nagai. E por mais que suas obras tenham status de clássico e ele seja um escritor consagrado, ainda tem muitas obras de mediano para baixo em seu assombroso catalogo com cerca de 200 títulos.
Tirando isso e fundamental que você esteja a par do estilo do autor, e Devilman infelizmente não serve aqui como métrica. Go Nagai costuma fazer obras cheias de piadas, muitas vezes interrompendo o fluxo da ação e com um teor mais sexual. E essa é exatamente a forma como se dá a estrutura de Cutie Honey, um mangá onde a protagonista fica nua a torto e a direito.
Porem mesmo no meio desse tipo de cenário Go Nagai consegue muitas vezes ser hilário de tão absurdo. Com cenas que vão lhe fazer achar tudo o máximo ou então olhar pensando que é uma bobeira sem tamanho. O que no fim infelizmente vai de pessoa a pessoa, pois cada um tem aquilo que prefere no humor.
Eu particularmente acho todas as piadas sexuais e que envolvem a Honey muito boas, mas tirando isso não consigo ver graça em muitas situações que envolvem os secundários. E isso é ok, você não precisa necessariamente gostar de tudo para apreciar a obra.
Porem ao entrarmos no plot central nos deparamos com alguns problemas maiores e outra característica do autor. Omitir detalhes ou simplesmente não dar a atenção devida a certos pontos. Algo notável logo no início da trama, onde a estrutura de revelação do plot central e toda bagunçada, seguindo uma ordem pouco convencional.
Funciona? Sim, e muito bem. Sabemos que Honey é uma android que fica nua sempre ao se transformar, que possui diversas formas e que uma organização do mal quer a tecnologia por trás de seus poderes para ficar rica.
É algo simples, funcional, que faz o mangá seguir muito bem e a estrutura de “monstro da semana” acaba aliviando essa constante alteração entre o sério e o cômico. Lembrando mais uma vez que nada aqui pode vir a ser comparado a Devilman, nem mesmo essa parte mais seria com foco nas lutas.
O mangá tem sim algumas partes incríveis de luta onde o Go Nagai apela para o sobrenatural e brutalidade, mas nada num nível tão impactante ou constante. São lutas rápidas, criadas para fazer o enredo andar e exibir mais do corpo nu da Honey. E por mais divertidas que sejam, eu acho que boa parte do charme da obra cai sobre seus momentos mais cômicos.
Pois no fim do dia você vai se lembrar mais é da banchou peludona, do detetive com hemorroidas e definitivamente da mega ousada parte da estátua de bronze. Isso porque infelizmente o mangá não tem um final, e essa amigos e outra característica do autor.
Você pode até gostar da jornada, mas acredite quando digo que esse é um dos finais mais insatisfatórios que eu li, pois faltava muito, mas muito pouco para finalizar Cutie Honey. Poderia não ser o melhor encerramento do mundo, mas ainda assim seria algo, pois pasmem. Tudo acaba com Honey na frente do último inimigo, então ela toma banho, fica pelada e fim. E não estou brincando aqui.
Muitos dizem que o fato de Go Nagai escrever obras assim é para vender suas ideias para animes ou por simplesmente ficar de saco cheio e terminar a obra como bem entender. Mas não sou eu que vou confirmar isso. So acho que sempre que tal fato acontece, seja com Nagai ou outro autor, sem dúvidas é um ponto muito negativo que infelizmente torna o mangá ainda mais de nicho do que já é, sendo no fim algo recomendável apenas para os fãs mais dedicados do autor ou da franquia Cutie Honey.
Coloco Cutie Honey como franquia pois existe uma leva de mangás, live-actions e animes baseados nessa obra, cada um com suas qualidades e defeitos, e muitos bem superiores a essa origem de fraca estrutura. E dentro desses novos títulos temos o já mencionado Cutie Honey 90’s, que se diz uma sequência do original.
Cutie Honey 90’s
Ao começar o mangá 90s eu achei tudo muito estranho. Temos uma distância de 17 anos entre a publicação dos dois títulos. O traço muda bastante em certos pontos, sendo indicado como de autoria tanto de Go Nagai como de Hajime Sorayama. Uma mudança que se nota principalmente nos capítulos iniciais e algumas capas, mas que vai sendo aliviado ao decorrer da publicação.
Tirando isso temos uma mudança em foco e ritmo e algumas discrepâncias quanto ao enredo do primeiro título que podem incomodar. Parte disso se deve a como Cutie Honey acabou e ao time skip entre o clássico e essa sequência tardia.
O enredo de 90s começa com Honey possuindo uma empresa pouco utilizada na trama e sendo mais exibicionista, retirando aqueles trejeitos de garota inocente envergonhada. Acho que esses 2 pontos, e as demais mudanças de comportamento, se justificam exatamente pela passagem de tempo. Mas lendo ambas as obras em sequência é difícil não estranhar.
Quanto ao foco, ele muda bastante. Com isso quero dizer que a comedia não está tão presente e a obra se foca mais em ação, além de apelar muito mais na parte sexual, agora não envolvendo tanto as piadas e colocando essas cenas com um teor muito adulto. Temos sexo, abuso, chupadas, pau duro e até buceta dentada. E por mais que seja engraçado ler isso aqui, no review, no mangá mesmo costuma ser algo sério.
Nesse ponto eu particularmente me incomodei mais com a mudança na personalidade de Honey do que com as cenas eróticas. Parte porque eu já esperava isso vindo do Go Nagai, e parte porque sendo sincero, tirando uma cena ou outro que achei estranha ou mal colocada, eu gostei do erotismo. Poderia colocar de outra forma, mas vocês entenderam.
Tirando isso, existem algumas sequencias estranhas e mudanças de um capítulo para o outro que não batem bem. Como por exemplo um pedaço que parece que vão investigar briga de gangues de motoqueiros e do nada é luta com monstros tudo de novo. Sendo esse ponto, junto da mudança de foco, as únicas inconsistências que se mantem durante toda a obra com relação a primeira.
Sim, no início parece ser uma bomba. Time skip, mudança de personalidade, traço estranho, personagens revivendo, e junto de tudo a falta de explicação para com o final de Cutie Honey de 73. O que faz com que a maior barreira de leitura seja esse começo.
Mas avançando no mangá, próximo ao capítulo 5 se me lembro bem, as coisas mudam. Aos poucos as partes ruins vão sumindo. Ou seja, deixamos de ter o “monstro da semana”, para seguir uma estrutura mais fluida, com um vilão fixo e trama praticamente sequencial.
Nisso o autor arruma todos esses pontos em aberto. É explicado o porquê de certos personagens voltarem e inclusive é dado uma resposta plausível para o final de Cutie Honey, com o ultimo inimigo sumindo e o porquê do time skip. São tantos “concertos”, que até pontos estranhos, sem relevância, como a empresa, eventualmente servem de algo na trama.
Ainda assim eu detestei o início. Tem alguns capítulos genuinamente fracos nele, como o crossover com Kekko Kamen. Mas passando isso, como podem ver, vale sim a leitura. Personagens são melhor utilizados, a honey usa melhor as transformações e materialização, a trama é melhor centrada, as lutas são muito boas e assim vai até culminar num final para o primeiro Cutie Honey. 17 anos depois, mas ainda assim um final satisfatório.
Portanto na parte de mangás da franquia eu não recomendaria ler somente o primeiro. Acho que a experiência se completa muito com a sequência. Ela pode ser ruim de início, mas se você leu todo o original não custa nada seguir em frente com 90s.
Cutie Honey: Tennyo Densetsu
Existe mais um mangá que vale mencionar, Tennyo Desentsu, de 2001. Também conhecido como Cutie Honey 21s, ele é colocado como sequência do 90s. Por isso eu li começo, apesar de não ter como ler a obra completa, e posso dizer que ele não é uma leitura fundamental.
Isso porque esse é posto como sequencia apenas por ter referências aos personagens dos títulos antigos e leva a entender que a protagonista Hayami é filha de Honey com Seiji. Logo dá para deixar passar, apesar que… nossa, queria muito ler esse. Só o início foi o suficiente para deixar na vontade.
O traço é muito bom, curti o enredo e a estrutura. Mas no momento so serve de curiosidade ou para apreciar as mulheres do mangá, pois tem alguns detalhes bem ousados nesse que não teve nos anteriores.
Quanto aos Animes
Bem, agora so falta conferir os animes e spin-offs. Esses spin-offs eu ainda estou na dúvida se procuro para ler, pois me falaram que a qualidade não é boa. Já os animes quero ver no mínimo o de 73 e os que se passam nos anos 90, para ver se existe similaridade com o esses títulos. Não é garantia deu ver, mas olha, daria um bom texto em.
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