Primeiras Impressões: Kangoku Jikken (Prision Lab)

OBS: Texto com base nos 2 primeiros volumes. (12 capítulos)

Você curte o protagonista de Re: Zero ou Deadman Wonderland? Se não, você possivelmente faz parte da maioria. Afinal, eles são apenas observadores. Personagens que parecem existir apenas para apresentar ao leitor os acontecimentos do mundo, sem realmente agir. Não existe carisma, diriam muitos, apenas o propósito de seguir em frente.

Logo quando peguei Kangoku Jikken para ler, sobe indicação do leitor @melfuwa, me vi receoso ao encarar os primeiros capítulos. Eyama Aito, o principal, começa como um personagem sem graça, fraco, porém não com o propósito de ser os olhos do leitor e sim como sendo a manivela central do plot.

Vemos ele sofrer na escola por conta de bullying, sem ter a quem recorrer. Logo ele apresentar características de alguém inferior não irrita, pelo contrário, cria uma ligação instantânea com quem já sofreu em situações similares. Você se sente por baixo, sem saber o que fazer, confuso, encarando todos os dias seres irracionais, pois qual a lógica em maltratar os outros?

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Diversão? Sim, porque não? A triste realidade é que dá prazer realizar tais atos, seja por extravasar uma raiva infundada ou por curtir a cara de desespero da vítima. Novamente, algo irracional. E sobe o pretexto de punir alguém que haja dessa maneira que Aito recebe um convite inusitado. Selecionar um “parceiro” para encarar 30 dias de tortura.

Nisso a escolha é óbvia, Aya Kirishima. Colega de classe, representante e aluna perfeita, não fosse ela ser a vaca, e digo isso com carinho, que judiava de Aito durante toda sua vida escolar, apenas por eles sempre caírem nos mesmo colégios. Uma acusação infundada de stalker e uma garota manipulativa. O suficiente para levar um rapaz ao inferno.

A medida em que o enredo avança vemos então os papeis inverterem, mostrando que a tortura se assemelha ao bulling, e por fim revelando o verdadeiro Aito. Um jovem frustrado, violento, calmo e insano. Moldado por anos de sofrimento. E mais importante, que passa a se divertir com esse “jogo”, assim assumindo finalmente o papel principal, de maneira similar a mudança drástica que ocorre com Kaneki, em Tokyo Ghoul.

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Nesse momento você perde um pouco de empatia com o personagem, mas devido as alterações no enredo e o desenvolvimento de Aya, é quase impossível de se trocar de lado. O apoio continua, agora com o anti-herói violento sendo a estrela.

E enquanto ocorre esse desenvolvimento de personagens alguns pequenos elementos de mistério são construídos ao fundo, levando a dúvidas quanto ao verdadeiro proposito desse jogo de cativeiro. 1 milhão para quem manter o “parceiro” vivo, mas confinado, por 1 mês. Podendo fazer o que bem entender neste tempo. E o mesmo valor para o “parceiro” que acertar o nome de seu torturador. Fora outras regras que envolvem dinheiro e segredos.

Com tudo isso temos a construção de um suspense interessante, que se eleva aos poucos, e aparenta ser previsível sem realmente entregar muitos detalhes. A verdade é que tudo está muito escondido, invisível, não fossem pequenos detalhes, como a citação de um experimento e do próprio nome da obra.

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Ainda não sabemos o proposito real desse esquema, mas algo é claro, se trata de um laboratório. Cada uma das ações, seja do torturador, vitima, ou até mesmo dos guardas, é monitorada. Algo fundamental para a continuidade da série, pois em meros 12 capítulos ela já aparenta seguir para sua conclusão, enquanto uma simples alteração pode dar maior longevidade, como a introdução de múltiplos lugares com eventos similares, meio que no esquema de Kamisama no Iutoori, talvez até se tornando um survivor no fim.

No geral, eu não so gostei como devorei esses 2 volumes iniciais. Porém ainda fico com um pé atrás para recomendar. Se acabar logo, vai ser algo de mediano para bom, enquanto se continuar… eu realmente não sei o que esperar, mas terei minha atenção renovada.

Texto publicado originalmente em 13/01/2017

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