On the Nanquim: Fun Home

Autobiográfico. Uma palavra grande que costuma assustar boa parte dos leitores independente do proposto em sua sinopse e muitas vezes erroneamente confundido com biografias. Até a pouco tempo atrás eu era desse grupo seletivo que olhava para tal subgênero com cara feia mas graças ao blog Good Ok Bad resolvi ler Retalhos e acabei entrando em uma fase de leitura de autobiografias que logo me levou ao mundo dos slice-of-lifes.

Sim, os 2 tem uma relação bem próxima. Quando falamos sobre a vida de outra pessoa nos prendemos a pesquisas e contamos fatos sem expressar emoção enquanto quando escrevemos algo baseado em nossas próprias experiências acabamos por escrever um texto empolgado sobre fatos que aconteceram em nosso cotidiano, assim caracterizando um slice-of-life.

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Obviamente que podemos escrever uma biografia tentando demonstrar emoção, mas nesse caso o real iria acabar se misturando a ficção para que o autor preencha lacunas e atraia um público maior, assim entrando na famosa zona do “baseado em fatos reais”.

Posso até estar exagerando um pouco, mas foi assim em minha experiência pessoal, tanto como leitor como quanto escritor. Eu já cheguei a escrever trechos em um livro sobre bulling do qual não irei revelar o nome pois existem partes que não gostaria de divulgar como sendo parte da minha vida. Sim, é triste, mas eu não tenho coragem para me expor dessa maneira.

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Uma coragem que a autora de Fun Home tem de sobra e que eu realmente invejo. No início nos é apresentada uma jovem Alison Bechdel com alguns poucos trejeitos masculinos em uma bela casa neogótica, aparentemente do período vitoriano, revigorada e orquestrada por um pai compulsivo e detalhista. Uma casa realmente divertida aos olhos de quem passa.

No decorrer da história a garotinha vira adolescente, vira mulher, alternando os quadros e relatos sem seguir uma sequência temporal mas que parecem ser a intercalação perfeita de uma narrativa fervorosa e cheia de paixão que passa por momentos importantes da vida dela que por tabela também foram orquestrados por seu pai em vida e em morte.

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Seu pai serve de ponto condutor para unir todas as historias contadas, que por vez se unem para revelar a paixão de Alison por seu pai e como o mesmo parece ter um dedo ate mesmo em sua escolha sexual, talvez o ponto mais forte do enredo.

O quadrinho, ou livro se preferir devido ao estilo, fala muito sobre homossexualidade abordando a mesma de uma maneira simples, reafirmando que não há nada de errado em definir o rumo de sua sexualidade.

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Além dos personagens os livros ajudam muito nessa apresentação e apesar de não ser necessário conhecer as obras citadas e fundamental ter um conhecimento mínimo sobre as mesmas para aproveitar 100% a obra. Eu conhecia as obras só de relance e acredito que captei bem as mensagens transmitidas, apesar de ter ficado com um pouco de raiva sobre um spoiler de O Grande Gatsby, obra que possui um capítulo inteiro dedicada a mesma.

No fim Fun Home é um quadrinho divertido, empolgante e que nos faz refletir sobre diversos assuntos, além de mergulhar o leitor em um prazeroso mar de simbolismo e descobertas.

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Texto publicado originalmente em 12/03/2014

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