Resenha: Kisswood

Eu li essa obra faz tempo, um pouco após o início do Mangatom, mas na época não tive coragem de pôr o texto no blog. Resolvi voltar atrás e refazer o texto por completo após firmar um acordo com o Hitsusen, o meu amigo que ajuda no blog.

Resolvemos então resenhar toda e qualquer obra que lermos para ver se e possível extrair algo de positivo da experiência. Obviamente apenas textos selecionados farão o caminho completo até o blog.

Webcomic e Manhwa

Estou indo num rumo bem “experimental” com o blog esses dias, em? XD Primeiro falei de Hellboy, um quadrinho americano com um estilo que pode vir agradar aos otakus, e hoje estou falando de um Webcomic Manhwa.

Manhwa, para os leigos, e como os coreanos se referem as historias em quadrinho por la. Estas que por sua vez, apesar de possuírem um estilo similar ao dos japoneses, e escrita no sentido ocidental de leitura.

No Manhwa também estão presentes os honoríficos, o que pode irritar alguns, pois não temos um conhecimento tão “amplo” em relação a estes como temos aos mangas. (apesar que no inicio ninguém sabia nada também). Vou dar uma colher de chá para quem quiser saber mais sobre estes, apesar de eu achar desnecessário memorizar os honoríficos sendo que estes pouco influenciam na leitura. http://en.wikipedia.org/wiki/Korean_honorifics (em inglês)

Já Webcomic, como o nome já diz, e uma obra lançada inteiramente na internet, como e o caso das animações ONA. O grande diferencial da publicação online e ter maior liberdade podendo criar a obra com conceitos experimentais.

Nisso tudo um estilo domina o meio, sendo este a leitura vertical. Mas o que? A gente já lê de cima pra baixo! Sim, verdade, mas eu falo do posicionamento das paginas. Uma obra publicada em papel sempre tem suas paginas em sentido horizontal enquanto obras publicadas online costumam ter as paginas na vertical como se tudo fosse um grande pilar ininterrupto. Obviamente isso não e uma regra, nisso existindo muitas obras que podem ser lidas normalmente.

O Senhor das Plantas

Sim, o titulo é apenas para chamar atenção, apesar de relevante a sinopse do mesmo. A historia começa numa cidade grande, onde a casa de um senhor de idade, Ajussi, e posta a baixo por causa de um terrível incêndio.

A casa deste era uma morada simples, feita de madeira, material que nem ao menos era visto na cidade composta por tons de cinza devido a fuligem de suas chaminés.  Mas não era esse o principal fator que a fazia destacar e sim o grande numero de plantas raras que se entrelaçavam pela estrutura, criando uma espécie de apoio e tornando esta residência vibrante em meio a tantas cores e formas deslumbrantes.

Ajussi sempre cuidou muito bem destas plantas, mesmo com toda a inveja e repulsa que sofria perante a sociedade industrializada que não via mais o uso da natureza como algo relevante, nem mesmo para embelezar as ruas sem vida, de aparência mórbida e cansada.

Talvez esta seja uma referencia a como e a vida das pessoas hoje em dia, onde não se importam com nada a não ser sobreviver em uma selva de concreto composta de agonia e depressão. Uma selva que engoliu a neta de Ajussi, Sul Yun, a afastando da vida deste simpático senhor.

Mas após o incêndio, a selva também engoliu Ajussi, o levando para um reino onde o verde predomina e o inesperado pode acontecer a qualquer instante. Um mundo que lembra bastante o descrito naquele antigo desenho baseado no filme Jumanji, onde a cada esquina avia um perigo.

Ajussi mergulhou neste mundo ao entrar num coma profundo, assim nos fazendo questionar a todo momento se este realmente é um lugar real, ou e algo formado pelos desejos e paixões de um pobre velho. Mas quais seriam estes? Querer deixar para traz o sofrimento de um mundo selvagem, ou se entregar as plantas em uma grande selva sem fim?

Acompanhando este personagem principal inusitado estão um jovem adulto enviado a este mundo por trabalhar em uma madeireira, a borboleta dourada que por anos foi a fiel companheira de Ajussi e um garoto que deseja reencontrar seu pai.

Podemos notar novamente o simbolismo presente aqui, pois a borboleta era sua única amiga, e agora tomou vida, e seu companheiro representa a humanidade, a qual ele amaldiçoou do fundo do coração.

Como antagonista a historia temos Mua, a soberana da floresta, que tem como objetivo construir e apenas construir, sem um fim especifico, ao que notei (mas posso estar errado). Ela por sua vez controla os escravos e os guardas, além de ser amiga de infância da borboleta.

Mua pode ser vista como o avatar do progreço, que deseja sempre seguir em frente construindo novas estruturas para sustentar a humanidade, mesmo que para isso esse progresso transforme varias pessoas em escravos de uma pesada rotina cujo único objetivo e sobreviver e manter seus familiares a salvo, ate o dia que estes serão também entregues a selva.

Não vou entrar mais a fundo na historia, apesar que eu realmente gostaria de fazer isto por ter muito o que discutir e analisar, mas infelizmente spoiler não tem vez numa resenha, ao meu ver.

Nisso vamos nos voltar a arte. Esta obra possui um traço bem diferenciado, talvez até mesmo do padrão coreano, e paginas inteiramente coloridas, que fazem um papel fundamental na obra. As cores que nos mostram muito sobre o plano de fundo da obra, colocando sempre tudo que e positivo em corres vibrantes e fazendo o oposto as partes tristes, trágicas, etc, como foi feito com a cidade, que já citei.

Tudo isso, como e de se esperar, é colorido digitalmente e utilizando de vários recursos indisponíveis aos usuários de nanquim, como e o caso das luzes vibrantes e chamas quentes, que não seriam capazes de causar um impacto tão grande se não fosse o uso deste meio.

Uma obra forte mas ao mesmo tempo suave, que deve ser lida, e talvez relida, com calma, sempre pensando, tentando entender o que esta querendo ser dito, assim abrindo mais a mente para poder deslumbrar todo o poder desta obra fantástica, não de fantasia, mas sobre a realidade vista através do simbolismo.

Texto publicado originalmente em 30/07/2013

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