On the Screen – B: The Beginning (S01 e S02)

Sabe, eu tento evitar ao máximo fazer reviews de temporadas únicas, a não ser que seja algo realmente fechado, como foi o caso de Infinity Train, onde a temporada 1 pode ser vista individualmente. E com B: The Beginning é quase o mesmo. QUASE.

Veja bem, existe uma segunda temporada interligada a primeira, a qual eu também assisti e vou comentar brevemente nesse review. Mas enquanto ela precisa da primeira para funcionar, o contrário não é verdade. Pois existem somente 2 detalhes mínimos que ficam em aberto nessa parte inicial do anime.

Ao final de B: The Beginning, numa cena pós créditos, colocaram um personagem coadjuvante para aparecer e dar a deixa da segunda temporada, isso de forma extremamente vaga, puxando para um micro detalhe do meio do anime. Algo tão ínfimo que não me espantaria alguém assistir tudo, chegar ao fim e não entender o motivo da cena. Ao ponto de que dá para ignorar esse pedaço e considerar a temporada 1 como um anime fechado.

O outro detalhe em aberto são os Reggies. Criaturas imperfeitas criadas em laboratório que lembram humanos. Em diversos momentos da série é mencionado que existem muitos deles espalhados pelo mundo, e fica nisso. Uma afirmação que usaram como parte da base da segunda temporada e que não tem tanta importância assim.

Digo isso pois dizer que monstros se escondem entre os humanos e um motor de enredo muito bom, mas nem na temporada 1 nem na 2 essas criaturas são levadas ao potencial máximo. Ou seja, continua como um mero detalhe que pode vir ou não a ser relevante em pequenos momentos. E com isso digo o fato deles ainda existirem e estarem escondidos. Pois a criação em si desses seres tem lá sua relevância.

E se você não entendeu os meus pontos até agora, é culpa do anime. Pois B: The Beginning segue um plot realmente complicado e eu so toquei na superfície desse. Para ficar mais fácil de entender, podemos dizer que o anime segue com 2 núcleos distintos que se intercalam devido a alguns personagens.

Temos o lado dos detetives. Nesse eles investigam um aumento nos crimes hediondos, onde entram os tais Reggies, buscam o temido assassino Killer B e tentam lidar com uma suposta conspiração. No início esse núcleo parece ser o mais tragável, porem com o tempo acaba se tornando muito complexo por ter cada vez mais elementos em jogo, além da eventual ligação de Keith Flick com o outro núcleo.

E falando dele, o núcleo “dois” segue Koku, uma espécie de criatura similar aos Reggies, mas com poderes estranhos, como asas e laminas que saem do corpo. Vemos sua luta para encontrar e resgatar uma amiga de infância, a qual tem uma possível ligação a um grupo terrorista. E esses pontos e aquilo novamente, o mínimo. Somente o que se nota no início da trama. Pois o plot mais uma vez vai sendo incrementado, só que ao contrário do ocorrido no outro núcleo, aqui temos algo que inicia de forma confusa e vai aos poucos se tornando cada vez mais simples. Ou seja, não é complexo de verdade. Diria que apenas esconde detalhes do espectador e solta estes quando necessário, no final se mostrando algo linear e até um tanto bobo.

Resumindo, o anime tem muitas informações sendo jogadas em tela a todo o momento e segue um plot confuso que aos poucos vai fazendo mais sentido e leva a um final verdadeiramente bom, tirando o já mencionado pós créditos. Não chega a ser perfeito, mas consegue ser uma obra de mistério, suspense e ação formidável, daquelas que deixam o espectador fisgados do início ao fim e consegue esconder muito bem as respostas, evitando ser previsível.

No topo disso os personagens são muito carismáticos, principalmente a detetive Lily Hoshina. Todos são bem utilizados no decorrer da trama, talvez tirando o Mario Luís. Sim, esse é o nome do cara. E excluindo o começo, logo ele é colocado em escanteio e mal aparece. O que se for parar para pensar não importa tanto, pois temos cerca de 20 personagens aqui, e somente um ser deixado de lado e algo realmente impressionante.

Lutas boas, bons personagens, trama interessante, suspense constante e um mistério intrigante. O anime tinha tudo para dar errado por juntar muitos elementos e acabou se mostrando realmente bom e digno de se assistir. Não é lá uma obra prima, mas diverte muito. E então tem aquele ponto já mencionado da temporada 2.

Pessoalmente para mim já deu, não tenho vontade de continuar a ver B: The Beginning após os 6 episódios que constituem essa nova temporada. Vai ter uma segunda parte dessa S02, já confirmada inclusive, mas não consegui engolir o que fizeram no anime.

A segunda temporada quebra pontos da primeira, criando conflitos de roteiro, utiliza muito pouco os personagens e se foca quase integralmente no Koku. E tirando isso não tem mistério ou suspense algum, ou ao menos pareceu isso para mim. Tiraram as partes boas para focar nos elementos mais chatos e genéricos.

E olha, pode ter um motivo muito bom para essa queda de qualidade, ou vários. O mais obvio seriam os problemas atuais da pandemia, que fizeram muitos animes seguirem nessa separação mais drástica de temporadas. Não nego que isso pode ter influenciado muito.

Mas outro fator que poucos olham e a equipe de produção. Olhando pelo site Anilist, B: The Beginning foi criado por Kazuto Nakazawa, uma figura experiente nos animes, que além de idealizador do projeto entrou como diretor, designer de personagens e chefe diretor de animações. Ao lado dele na direção tivemos Yoshinobu Yamakawa.

Passando para a temporada 2, Nakazawa permanece como designer de personagens e chefe diretor de animações, passa a trabalhar na Series Composition, mas não é mais creditado como criador original. Isso pode muito bem ser um erro do site, mas me leva a crer que Nakazawa teve menos importância nessa temporada posterior. Yamakawa abandona completamente a série e a direção passa para Itsurou Kawasaki.

Logicamente Nakazawa ainda tem um papel grande na obra, e a troca de Yamakawa por Kawazaki não foi a única substituição. Porem isso pode muito bem ter afetado essa transição para outra temporada, ainda mais em uma obra que parecia estar completa até seus minutos finais num pós-crédito desnecessário.

Digo isso pois nesse ponto é achismo, não nego nem um pouco. Mas é indiscutível de que essa ligação entre as temporadas ficou bastante forçada. Existe inclusive um personagem que revive sem motivo. É uma completa bagunça de ideias que não condiz com a temporada inicial.

No topo disso a animação sofre bastante, caindo muito em qualidade e pondo em cena alguns momentos absurdos, que não parecem condizer com nada. Ainda temos os famosos rostos e traços com detalhamento quase nulo e frames demasiadamente longos, estáticos ou com o mínimo de movimentação. Ou em outros termos, truques para se gastar menos na produção.

O que é uma pena, pois mesmo nesse mar de problemas o anime teve sim pontos interessantes na temporada 2. So que é tanta coisa ruim que fica difícil ignorar. Portanto se pretendia ver B: The Beginning, sugiro assistir a primeira temporada, ignorar a parte nos créditos e considerar essa como obra fechada. Tudo que sair depois aceite como sendo filler. Eu vou fazer assim.

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