Resenha: Unholy Blood – Vampiros coreanos

Em 2021 estava eu lá no Webtoon, meio cansado de so pegar series americanas a um certo tempo, e eis que me deparo com os primeiros capítulos de Unholy Blood (White Blood). Um manga coreano, ou manhwa, com um traço de cair o queixo, focado em luta e sobrenatural. Que se destacou inicialmente por fugir do mar de romances que transborda o aplicativo.

Não digo isso afirmando que obras americanas ou de romance são inferiores. Se não eu nem mesmo teria resenhado aqui o popular Lore Olimpus. Porém é inegável que esses são maioria no app, logo ver qualquer coisa que fuja já é um alivio. E quando a obra é competente então aí temos algo ótimo. E é nesse ponto que lhe pergunto, o que existe acima de ótimo?

Digo isso pois Unholy Blood não é simplesmente competente. Ele é o melhor manhwa que li em muito tempo, superando todas as minhas expectativas. E digo ainda mais, atualmente é um dos títulos que mais gostei de ler, ao lado de de coisas como One Piece e Boku no Hero Academia. Pode até não ser no nível desses exemplos, mas a qualidade indiscutivelmente está lá.

No começo parece algo simples. Um mundo em crise, com vampiros despertando a todo canto e uma principal em época de universidade. Tinha tudo para ser clichê, mas existem alguns poucos fatores que mudam essa premissa e puxam o leitor. E o primeiro deles e a protagonista ser uma vampira, escondida tanto dos humanos como dos monstros em si e que está prestes a estudar fora de casa pela primeira vez.

Essa mudança sutil e a maneira como o enredo avança faz esse início ser bem diferente do esperado. Eventualmente temos a mudança desse micro slice of life para ação, e se até aí você não foi fisgado agora é o ponto sem volta. Pois as lutas são superexageradas e bem-feitas, numa fluidez que me deixa embasbacado.

Rolam algumas tragédias e drama, que não vale tocar aqui, mas que também é bem trabalhado, e então temos a premissa real da obra. A vampira Hayan Park está praticamente sozinha, sem poder viver entre humanos ou vampiros, tirando raros aliados, e agora cabe a ela trabalhar junto de Eun-Tae Hwang, um policial membro da força de extermínio, para assim encontrar e matar cada um dos Anjos da Morte. Vampiros poderosos que controlam a sociedade. E aqui novamente nada é o que parece.

Explicando melhor os vampiros. Aqui eles controlam boa parte do Japão, porem de forma escondida, como se fosse uma espécie de máfia. Os que causam danos são considerados psicopatas de certa forma. E ainda assim todo esse aumento na população dos vampiros é tratada de forma similar a uma epidemia, o que torna o título mais moderno até certo ponto.

Basicamente, os vampiros são um terror invisível. Seus colegas, vizinhos, amigos e familiares podem já ter sido infectados. E aqui não tem cruz ou alho, nem mesmo luz do sol que faça eles aparecerem. Os vampiros de Unholy Blood são mais poderosos a noite e possuem poderes diversos, focados na lore de diversas outras obras, mas não muitas fraquezas.

No topo disso, os vampiros vivem apenas 5 anos, e de tal forma isso amplia a ideia de que é uma doença altamente contagiosa e mortal. Poderes mil, mas vida reduzida a algo ínfimo, que por vez faz com que infectados mudem não por conta da natureza vampírica, e sim pois o tempo é limitado e so resta esse poder amaldiçoado para se utilizar.

Sem contar que tem outros 2 tipos de vampiros. Os já citados Anjos da Morte, os criados por “deus” em si, comandantes dessa máfia surreal. E os de puro sangue. Vampiros milenares, naturais, que vieram ao mundo já dessa forma, com mais longevidade. Os originais. E Hayan entra nesse raro grupo. Algo que ao mesmo tempo que é uma vantagem é uma maldição por si so.

O problema é que o sangue de um puro sangue cria novos Anjos da Morte e comer o coração deles faz qualquer vampiro se tornar um novo puro sangue. Sendo assim, Hayan caça esses lordes da escuridão em parte por ela mesma já estar sendo caçada, tanto como forma de vingança como autopreservação. E no topo de tudo um segredo que deve ser escondido a todo custo e que nem mesmo Hayan conhece, apesar de parecer ser a chave de todos os mistérios.

O único problema real nisso tudo é que os puro sangue são fortes demais, como vemos logo de cara. E isso pode eventualmente vir a prejudicar a série para alguns. Eu particularmente acho que isso foi bem lidado na obra, graças ao enredo fantástico, ótimos personagens e principalmente graças aos poderes muito bem pensados. Pois não é simplesmente uma luta atrás da outra em alta velocidade estilo DBZ. Às vezes é controle mental, uso das próprias forças da facção, camuflagem, e assim vai.

Basicamente são lutas inteligentes, com grande foco em diálogos e estratégias exorbitantes. O que faz cada novo inimigo parecer que saiu direto de um gibi do Superman, realmente vestindo a carapuça de vilão, porem melhor escritos que muito vilão que tem por ai. O que ajuda bastante, uma vez que o mangá é quase um boss rush. Vilão atrás de vilão, com pausas para dramas pesados e descobertas.

Voltando um pouco a ação novamente, vale mencionar que existem sim cenas mais pesadas e que podem ser consideradas gore. Porem o autor opta por censurar elas parcialmente com efeito de pixels, ou talvez desenhando realmente no estilo de pixel art. Isso faz na verdade as cenas parecerem bem brutais, porem somente no nosso imaginário. Algo como “caramba, é tão brutal que censuraram!”

Tirando isso, a obra tem lá suas voltas ao estilo mais slice of life, um pingo de comedia aqui e ali, o bom e velho romance e mais. Porem o foco indiscutivelmente cai no drama, ação e mistério. Principalmente nas memorias da protagonista, que como já dito parecem ser a resposta para boa parte desse enredo. Tudo isso enquanto amplia ainda mais esse mundo fantástico e trabalha magistralmente cada personagem.

No fim Unholy Blood se mostra mais do que uma obra bem desenhada e interessante. Tudo aqui tem um proposito muito bem colocado e combinado ao drama e lutas fenomenais essa seria se sobressai e muito a quase tudo do mundo dos webtoons. Ao menos levando em conta os atuais. Certamente uma leitura imperdível, a qual fisga você do inicio ao fim. E que eu claramente vou recomendar com todas as minha forças, apesar de ter alguns clichês e mudança de ritmo perto do final. Pois você vai sim se apaixonar por esse mundo, se não pela ótima protagonista que é Hayan.

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