Resenha em Massa: Riki-Oh – Violência sem limites

Você busca obras cheias de violência e gore com um enredo bizarro e cenas tão absurdas que viram meme? Se esse é você, então de uma chance a Riki-oh. Se não… cara, so acompanha esse texto que você vai entender um pouco melhor.

Riki-oh, também conhecido como The Story of Riki, é um mangá de 1988 que ganhou um filme live action e dois OVAs. Mas que é mais conhecido por ser uma obra extremamente violenta e cheia de cenas extravagantes, para se dizer um mínimo.

E boa parte dessa fama vem mais do seu filme, o qual se tornou uma espécie de clássico cult ao mesmo tempo que permanece intocável em seu status de trash. Sendo que as 2 cenas mais famosas do longa são um corpo jorrando mais sangue do que humanamente possível e o literal final, onde Riki destrói o muro da prisão com um único soco.

Não vou mentir, foram esses detalhes que me fizeram correr atrás da obra, sem ler sinopse nem nada. Uma mistura de curiosidade mórbida com a vontade de ler / assistir algo de forma descompromissada. Mas então vem a questão. Valeu a pena? Diria que sim e não.

O MANGÁ

Comecei minha jornada pelo mangá, pelas origens do famoso arco da prisão, o qual foi adaptado para o filme e subsequentemente o primeiro OVA. Indo já com aquela mentalidade de que o original deve ser melhor. E sem comparar com as demais versões, é algo ok. Não chega a ser bom, mas tem pontos bem interessantes e fisga o leitor para o próximo arco.

Básicamente o plot de Riki-oh em seu início mostra Riki entrando numa das prisões mais violentas do Japão em busca de outro personagem, vingança por um acidente, e fica nisso. São detalhes revelados em sua maior parte apenas na parte seguinte e o restante do arco da prisão se resolve em confrontos entre Riki, o diretor e demais prisioneiros, num esquema de líderes bem clichê.

O ponto alto dessa parte certamente é o absurdo que ocorre a cada novo capítulo e ver Riki se rebelando. Porem existem alguns grandes problemas nessa parte. O primeiro é o personagem de Riki ser muito calado e pouco desenvolvido e o segundo é justamente esse ser o primeiro arco de uma obra longa.

Não vou entrar em muitos detalhes, mas boa parte dos motivos para Riki seguir sua jornada acabam fazendo o arco da prisão ser um ponto quase que inútil no geral da obra, ao mesmo tempo que este continua para algo extremamente ruim no arco seguinte e deixa muitos pontos da prisão sem resolver, praticamente ignorando por completo o seu próprio início, que acaba sendo o melhor de toda a obra.

DEPOIS DA PRISÃO

E se quer saber o quão ruim é essa “parte 2”, bem, Riki escapa, descobrimos parte de seu passado e então ele vai para uma espécie de área de criminosos escondida no meio do Japão, com direito a uma mistureba de sci-fi com sobrenatural. No início ele tem de sobreviver, mas isso logo termina com ele sendo novamente preso…

A diferença aqui é que para escapar ele agora se sujeita a um torneio até a morte, entram em cena novos personagens mais desenvolvidos, o cara que ele procura aparece e assim vai seguindo o enredo. É por mais que soe legal o que acabei de descrever, esse pedaço é tão ruim e chato que eu não tive saco e parei de ler o mangá.Pode me chamar do que quiser, mas eu sinceramente não volto a ler essa bosta, por mais que tenha tido algumas lutas legais e um ou outro personagem interessante. Pois infelizmente tudo a partir desse ponto me pareceu muito vazio, chato e muitas vezes sem logica alguma.

FILME LIVE-ACTION

Já o filme, aí é outros 500. A versão live-action chinesa faz o contrário, eliminando todo o restante do mangá e colocando a prisão como o único grande acontecimento. Não existe mais busca ou o que seja, apenas Riki tentando sobreviver na prisão, realizar sua vingança e eventualmente escapar. O que no fim acaba criando um longa que supera de longe o original.

Todas as cenas mais marcantes do mangá estão aqui, mas foram adicionadas novas cenas e todo um contexto sobre violência nas prisões, ignorando o conceito de distopia do original e fortalecendo a parte sobre drogas. E além disso, o filme resolve todas as pontas soltas e faz os personagens terem ainda mais destaque, e isso logicamente inclui o protagonista Riki.

Enquanto eu recomendaria ler o início do mangá apenas pelas lutas bizarras, eu recomendo o filme como um todo. Ele é extremamente divertido e insano, com ótimas atuações e tudo faz muito mais sentido nele, inclusive personagens extras como o filho do diretor. E ainda diria que as lutas ficaram melhores, graças aos efeitos práticos incorporados.

O PRIMEIRO OVA

Apenas um ano após o início do mangá Riki-oh recebeu um OVA o qual adapta novamente a parte da prisão, porem aqui visando continuar o enredo no subsequente OVA. Porem ao contrário do ótimo trabalho que vemos no filme esse anime é um completo desastre.

O Live-Action se dá o trabalho de completar o enredo sem remover partes significativas, enquanto o OVA conta a história de Riki de forma extremamente rápida, picotada e repleta de alterações inúteis, além de não dar nenhuma indicação para o OVA seguinte, que provavelmente já tinha sido planejado, visto que saiu no ano seguinte.

Mas o pior é que esses não são os únicos problemas. A animação é barata, daquelas que tem personagens estilizados tentando chamar atenção, mas que no fim entrega algo muito estranho e mal animado, as vezes tendo apenas pngs estáticos se movendo ou loops de animação.

Esse ponto da animação não é algo constante, então ainda tem como relevar. Mas as mudanças para modernizar e suavizar não. O grande ás na mangá de Riki-Oh era a violência e o absurdo das cenas, e aqui tudo isso é removido. A obra se torna mais séria, com conceitos mais atuais a época e toda a violência e amenizada justamente para ser algo mais condizente com o real, salve um pedaço ou outro.

Porém o ápice dessa leva de decepções são as lutas. A maioria delas foi retirada ou então simplificada. Uma das lutas mais famosas virou apenas 2 socos no rosto e o inimigo morto no chão. Sem contar que diversos personagens foram totalmente removidos.

Se o filme conseguiu ser melhor que o original, esse aqui teve a proeza de pegar algo ruim e transformar em sua pior forma possível… e olha que ainda temos o segundo OVA.

O SEGUNDO OVA

Depois de terminar o segundo OVA eu juro que cogitei voltar a ler o mangá, pois ele me confirmou que eu tinha sim finalizado esse segundo arco, não tenho lido apenas o epilogo que dá deixa para o próximo arco, Tóquio.

Esse final acaba sendo tanto o ponto mais positivo quanto negativo do OVA. Por um lado, você não pode continuar o enredo pelo anime, pois não existe uma continuação. Por outro é uma bela forma de pular esse pedaço chato da história assistindo apenas um resumo.

Sim, um resumo. Novamente o OVA pula diversos acontecimentos do mangá e deixa muitos personagens de fora da trama, indo apenas no extremamente essencial. E novamente se mostrando uma adaptação que falha até mesmo nesse ponto.

Porém, por incrível que pareça, é um anime bem melhor que o primeiro, tendo uma melhor animação, lutas boas e a volta do gore bizarro extravagante que é a essência de Riki-oh. Talvez não sendo um bom OVA, mas no mínimo se esforçando para encaixar tudo de forma suportável no tempo previsto.

Além disso nessa parte o enredo de Riki-oh tenta ser mais competente, tanto no OVA quanto no Mangá, e em ambos, quando ele está buscando ser algo traz um plot… como eu coloco isso… bem meh. Sem graça, sem sal. Sempre com um motivo besta como conclusão de pedaços mais dramáticos, que tinham potencial, mas que no fim so contribui para a ruindade desse todo.

CONCLUSÃO

O mangá de Riki-oh consegue ser interessante e apresentar boas ideias, mas e tudo produzido de forma péssima, jamais chegando a algo aceitável. Os OVAs capitalizam em cima do nome e trazem apenas resumos desnecessários. Enquanto o filme live-action, justamente por anular boa parte da trama original e resolver fechar pontas soltas se mostra o único material recomendável de Riki-oh, no fim superando o mangá.

Portanto, se você gosta de lutas, muito sangue, violência e cenas absurdas, pare um tempo para assistir ao filme e fique nisso. É legal ver a origem de tudo para apreciar mais como o filme conseguiu se sobressair, mas no fim optar por ler mais que o arco da prisão se mostra maçante e extremamente desnecessário.

E vale também avisar que, tirando os OVAs, Riki-Oh é extremamente violento e so deve ser lido ou assistido caso você consiga suportar gore dos mais pesados.

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