On the Screen: Godzilla (1954) – A era do grande kaiju começa!

Recentemente resolvi rever Godzilla, o filme de 1954. O primeirão mesmo. Preto e branco raiz, produzido no Japão. Sei que muitos iam preferir ler sobre um filme mais moderno, como os Godzillas da Legendary, ou o Shin Godzilla do Hideaki Anno, diretor de nada mais que Evangelion. Até porque batem sempre na mesma tecla de “vejam o clássico” e “ele é sobre bombas nucleares”.

So que sim, vejam os clássicos, e sim, tem as paradas da bomba sendo referenciadas, e isso é foda. Não tem como fugir disso, até por estarmos falando de um filme da década de 50, cheio de efeitos práticos que ainda assim convence muito. Acredite, saber que é um homem numa roupa de borracha destruindo maquetes não muda o fato de que aquele é Godzilla.

A presença do monstro é assustadora, e isso para mim faz o filme. Pois enquanto o gigante se esconde as pessoas pesquisam e comentam a respeito dele, quase que como se fosse um deus antigo de Lovecraft. Não tem jump scare, gore ou truques baratos modernos. É um monstro clássico, e isso deveria bastar.

Pois é através dessa formula que ele consegue agradar, ao meu ver, quem busca terror, sci-fi ou um monstrão detonando tudo. Sejá você adulto ou criança, Godzilla é um prato cheio e merece sim o status que possui. Porém, por mais obvio que seja dizer isso, não é para todos e vale algumas ressalvas. Talvez até mais do que vangloriar de pé.

Eu acho que o filme envelheceu muito bem, não apenas nos efeitos. Mas existem momentos em que a época da película fica aparente, fora o fato de ser preto e branco. Acho que é uma barreira que muitos deveriam romper, mas ainda assim uma barreira. Porém o ponto negativo principal fica com o ritmo e atores.

É um filme lento e as cenas de destruição talvez durem mais do que devia. Novamente algo que cai no gosto pessoal, mas que vale a menção. Até porque quando eu era mais novo eu dormia tentando ver Godzilla.

Já quanto os atores, eu não diria que são todos ruins. Gosto muito da atuação de Takashi Shimura, por exemplo. Porem existem cenas em que que os personagens recebem cortes bruscos para mudar de um sentimento ao outro, como por exemplo indo de susto para choro. Não fica natural. E isso é extremamente evidente quando Momoko Kôchi está contracenando.

E isso pode ser erro dos atores de não conseguir fazer a sena sequencialmente correta, como pode muito bem ser uma falha do editor. Sei que é um cargo na produção muitas vezes ignorado, mas é um dos mais importantes na hora de definir se o filme tem um visual de amador ou não. Pois imagine se o Gozilla teleportase pelo cenário o quão ruim seria? Um bom editor evitaria essa sensação mesclando bem as cenas, e infelizmente isso não ocorre com certos atores.

Mas graças a deus nenhuma dessas coisas que menciono são uma constante. O filme é extremamente divertido e interessante. Se você é adulto vai notar a sutileza do plot sobre armamentos nucleares e guerra, enquanto uma criança se divertiria com o monstrão soltando fogo e pisando em prédios. Tanto que após um tempo os filmes seguiram por esse caminho de tentar levar as telas algo mais “infantilizado”. Na falta de outra palavra.

Se isso é bom ou ruim? Olha, depende do filme. Eu gosto muito do tom sério do primeiro, mas o segundo filme tem um plot tão sem graça que eu preferia que fosse algo esculachado. Cada filme tem seu estilo, uns mais zuera que os outros, e é por isso que pretendo continuar essa viagem pelo universo de Godzilla. E quem sabe ao terminar as eras eu não faço um resumo delas como pretendia no começo, não é?

Texto publicado originalmente em 31/10/2019

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