Atenção: Texto com base nos capítulos de 01 a 89. Nada após isso foi levado em conta para a criação da resenha e assim que o mangá acabar, se necessário, faremos um novo review completo.
Enen no Shouboutai (Fire Force) é um daqueles mangás que é impossível não dizer “fica legal depois do capitulo X”. Obvio, você gostar ou não do começo vai depender de seus gostos e experiências, mas não custa informar que é um início lento e repleto de clichês. Algo que não chega aos pés de Souls Eater, grande comparativo utilizado para justificar a qualidade do título, pois muitos o posicionam como obra prima de Atsushi Ohkubo.
Não digo que está errado comparar as duas obras, ainda mais sendo estas do mesmo gênero e do mesmo autor. Mas falar isso lendo cerca de 5 capítulos não é um pouco injusto? Não falo de dizer que é inferior, mas sim afirmar que se trata de algo extremamente ruim. O início de fato não ajuda, mas isso pôr o autor ainda não ter se decidido sobre o rumo do mangá.
Veja bem, Enen no Shouboutai começa como um shounen de luta genérico, e sobe ele o hype de um autor que acabara de finalizar um sucesso mundial, sem contar o tema diferente da obra. Bombeiros com poderes de fogo que lutam contra humanos que entram em combustão e nisso se tornam um ser monstruoso de fogo e cinzas.
Eu tive esse hype, eu me decepcionei. Não sou imune a isso. Aceito dizerem que o inicio é uma merda. Começa com esse pretexto de “purificarem” seres de fogo, explora muito pouco os poderes e as lutas são medianas. Diria que boa parte do início e um tempo excruciante de construção de personagens. E o típico torneiro “levanta defunto” surge no capítulo 5, dando a impressão de fracasso eminente.
O próprio torneio tem pouquíssimas lutas, servindo mais como pretexto para mostrar cenas de ecchi. Mas ali já começa a surgir ideias que vão ser bem utilizadas no futuro. Temos a apresentação de diversos capitães e comandantes, alguns outros membros de brigada e o enigmático personagem Joker. Também nesse ponto que aflora o interesse no passado de Shinra, o principal.
Porem aí vem o que considero o pior problema de Enen no Shoubotai, os interlúdios. Tanto antes como após o torneio existem capítulos de “pausa”, digamos. Um momento para aliviar o leitor da tensão. E esses são péssimos… Arthur e Shinra brigando, Maki ficando brava, Tamaki perdendo as roupas, Hinawa assustando os novatos, e assim vai. Isso combinado ao resto que falei do início e quase insuportável, não vou mentir.
Depois disso temos um arco chato de combate entre 2 brigadas, e perto do capítulo 20, final do arco, que finalmente recebemos um real feedback sobre o que se trata o mangá. Existe uma pessoa, ou grupo, criando combustão artificial. O evento que transforma humanos em feras de fogo. Além disso a brigada 8, a principal, tem a missão secreta de juntar informações das outras brigadas. Assim criando uma certa conspiração.
Ou seja, aquilo que afirmei no começo, “fica legal depois do capitulo X”, basicamente sou eu me referindo que do 20 em diante Enen no Shoubotai realmente mostra a que veio, se tornando no mínimo interessante, e desse ponto em diante só melhora. Logo podem ver o porquê eu acho injusto afirmar que se trata de um mangá ruim sendo que a pessoa argumentando nem deu chance.
Ainda assim o que falei anteriormente é verdade. O começo é maçante ao ponto de parecer que você leu muito mais do que realmente teria consumido, e infelizmente os interlúdios continuam. O que realmente muda e o foco do autor, que agora investe muito mais nessa conspiração e ao final do arco que se inicia no capítulo 21 temos finalmente vilões e lutas dignas.
Diria que nesse ponto Enen no Shouboutai começa a tirar proveito de elementos que fizeram Soul Eater um sucesso, o que deveria ter sido o caso desde o começo. Mas ainda assim a obra mantem sua identidade inicial, aflora seus conceitos únicos e entrega um personagem cativante atrás do outro. Sem contar que os chars iniciais se destacam cada vez mais.
Desenhos que extrapolam, ligação entre o bem, o mal e o sobrenatural, poderes criativos e personagens insanos são apenas alguns dos destaques dessa “reconstrução”. Mas diria que o ponto alto são os inimigos de branco, os demônios e o fucking uso de relatividade quântica, multiverso e viagem no tempo. E isso sem ficar confuso ou ferrar toda a timeline.
Literalmente Enen no Shouboutai parte de um início genérico para algo que mistura sobrenatural e ficção cientifica, cria um mundo único, acrescenta personagens e poderes fantásticos e de quebra chega num nível de apelação que vai agradar muitos fãs de shounen de porrada. E é por conta disso que digo, não julgue so pelo começo. De uma chance e aproveite enquanto o mangá estiver nesse constante salto de qualidade.
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Texto publicado originalmente em 14/10/2017