On the Nanquim: The Goon

Atenção: Resenha com base em tudo do The Goon publicado entre Avatar Press (1998), Albatross Funny Books (2002) e Dark Horse (2003). Não engloba a nova fase da Albatross Funny Books de 2019, spin-offs, cross-overs e team ups.

Hoje em dia parece que produções adultas, e não, eu não falo de tetas ou entregadores de pizza, estão cada vez mais em alta, independente do mercado e do tipo de obra. Heróis boca suja como Deadpool no cinema, as cenas aterrorizantes de assassinato de Hannibal nas TVs…

Ainda assim, já pararam para pensar que essas mídias estão sempre atrasadas, seguindo na cola de títulos “infantis”? Uma definição errada surgida de mentes fracas para definir coisas como games, desenhos e quadrinhos.

Mas o ano que realmente marcou o “amadurecimento” desses três foi o tão odiado anos 90. As pessoas olham para trás e enxergam apenas roupas estranhas, Rob Liefeld e sitcoms, muitas e muitas sitcoms. Quando tivemos nessa mesma época Doom, South Park e The Goon.

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Não, espera? Você tá me dizendo que nunca ouviu falar de The Goon? Sabe, capanga do mafioso Labrazio que protege a rua da solidão de uma horda de zumbis comandada pelo sacerdote com a ajuda de um pervertido com cabeça de amendoim chamado Franky?

&*#$ %@!~. Sério, vai se ¥©Æ™. Eu tentei ser legal, começar com uma introdução maneira, ai vocês suas û€a©f| me vem com essa \?ÁÅþ!

Ok, se acalme, se acalme… “3 cervejas depois, e uma surra numa aranha gigante”

Então, como eu dizia, em 1999 surgia The Goon, um título da Dark Horse que conta com um enredo 100% fiel ao que escrevi ali em cima. Temos um cara gigante, que parece a mistura de uma mula com um gorila, que junto de Franky…FACA NO OLHO!

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Err… comanda uma cidade sem nome sobre o falso pretexto de serem capangas do então falecido Labrazio, ao mesmo tempo que protegem seus cidadãos de mortos vivos e outras entidades sobrenaturais, sendo boa parte criação de um velho bruxo chamado apenas de Priest.

Ou seja, o que temos aqui é uma HQ que mistura sem medo, e diria que com perfeição, elementos de máfia noir, ação, terror e, obviamente, a velha e escrachada da sua… comedia. Achou que eu ia falar o que? Escrachada, não escancarada, ó mente suja!

Usando desse mundo bem construído e altamente dinâmico o autor, Eric Powell, consegue criar intriga sem jamais perder a chance de colocar uma piada no meio, e apesar de em certos momentos isso quebrar o clima, na sua maioria são tiradas bem encaixadas que de nada atrapalham no enredo central.

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Essa é a jornada de um homem, um conto de sofrimento constante que define a sua própria alma, e ao mesmo tempo o destino de uma cidade sucumbida na mais terrível das maldições. Algo difícil de se notar no início, mas que vai amadurecendo a cada novo capitulo, até se transformar num turbilhão constante de emoções e te deixar pé da vida com o autor.

Sabe quando mencionei que as piadas quebram o ritmo em certos momentos? Não falo das inseridas em meio a história, apesar de ter sido uma benção a retirada dos “anúncios”, e sim de capítulos ou volumes que abandonam tudo que já foi mostrado para sair brincando.

É legal tirar sarro de super heróis ou mostrar um lagarto mexicano maluco? Sim. Mas porra, coloca isso depois ou antes dos arcos! Esse e o maior contra de toda a série, e não so para você como para o autor, o qual esquece de detalhes e comete furos de enredo, por mais insignificantes que sejam.

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Chega um ponto que parece que ele deu o foda-se, sabe? E então do nada bam, dois volumes para finalizar a história e deixando boa parte dos personagens de lado. Cara, que merda… seria você não ler até esse ponto.

Apesar das minhas reclamações são nessas tomadas rápidas e serias que Eric Powell brilha, mostrando a fundo quem realmente é o Goon e inserindo diálogos fantásticos, alguns filosóficos, quebrando e ao mesmo tempo mantendo intacta a quarta barreira.

E para isso ele se utiliza de tudo que já foi abordado, seja algo do último capítulo, ou do primeiro volume o qual ainda era publicado na Avatar Press sobe seus próprios custos. Logo os detalhes trazidos de volta compensam muito pelos poucos esquecidos.

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Tornando tudo melhor, e consagrando esta como uma das melhores series da Dark Horse, está a fenomenal e dinâmica arte de Eric “mão para toda obra” Powell. Ela cai um pouco em qualidade num determinado volume, e sem dúvida parece variar muito para um único ilustrador, porem essas alterações se dão basicamente por conta dos coloristas.

No geral, The Goon e um dos mais hilários e cruéis HQs que já li. Um título imperdível, ao menos que você seja religioso, tenha opiniões políticas, coração fraco, tendinite ou amor próprio. E por favor… nem me faça mencionar Chinatown.

Texto publicado originalmente em 01/09/2016

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