É dia das bruxas! Espantos, travessuras e muita gula. Uma época de festas, seja para celebrar os mortos ou curtir ao lado deles, não importa, desde que se encham as sacolas.
Como não temos Trick or Treat no solo tupiniquim todo ano eu comemoro com um bom filme ou quadrinho, geralmente algo rápido que permita uma maratona de um dia. Uzumaki, obra do famoso Junji Ito, havia sido a escolhida da vez, porém meu irmão resolveu passar o fim de semana na casa de minha avó e levou o bendito mangá, fazer o que.
Devido a isso não teremos uma resenha de Halloween este ano, mas sim uma lista contendo títulos que prometem lhe fazer tremer feito gelatina, ou será que deveria dizer “feito uma Bolha Assassina”? (Piada tão podre quanto o filme)
Então, vamos a lista. Como toda Noite de Terror a primeira parada deve ser nas terras de Vlade Tapes, a Transilvânia. Mais precisamente, em um certo hotel.
O que? Você achou eu falaria sobre O Albergue? Aqui e um site light, apesar dos mangás sobre prostituição e máfia, com um pingo de gore. Brincadeiras à parte, quem mais se diverte nessa época é a criançada, então porque não indicar um filme bem família?
Hotel Transilvânia e uma desconstrução do gênero, invertendo os papeis dos humanos e dos monstros para gerar situações inusitadas, e funciona. Na era das trevas os seres sobrenaturais dominavam a região, mas com o crescimento populacional o homem passou a ocupar a maior parte da província, desenvolve armas e táticas para se defender e se habituou ao cenário através dos contos de terror. Um tempo sem medo, com exceção para com os monstros que agora vivem isolados.
Pensando em reaver os tempos de gloria, ou ao menos se divertir com os primos, Drácula transforma seu colossal castelo num resort de férias para as monstruosidades. As portas se abrem, entram A Múmia, Frankenstein, Lobisomem, e diversas outras assombrações, além é claro dos relativos de cada um. Uma boa maneira de se apresentar as lendas sem depois ter de trocar os lençóis a noite ou desligar a TV por achar datado.
O foco central do filme se inicia quando Jonathan, um jovem humano, pega uma rota errada e acaba por encano no hotel do conde. Saudável, vivaz, cheio de energia, um prato cheio para o desastre, mas que acaba sendo a alma da festa e a paixão da filha do morcego.
Certamente um filme divertido, descontraído, que vai maravilhar a quem assistir independentemente da idade, seja com o enredo, os gráficos fantásticos ou a comedia que rola solta. Não é so por ser dia 31 que temos de passar ele gritando, não é mesmo?
Por falar nessas criaturas famosas, porque não indicar uma obra para cada um? Vamos começar pelo amigão de todos, o Frank. Essa criatura formada de partes reanimadas surgiu em 1818, escrita pela até então jovem Mary Shelley, aos seus 19 anos. Ele so foi chegar no cinema em 1910, na película dirigida por J. Searle Dawley, ainda na época do cinema mudo.
Ao longo dos anos tiveram diversas outras versões, algumas seguindo o original, outras se desvencilhando bastante a ponto de entregar o nome, ou características, a outros seres. Frankenweenie, obra do aclamado Tim Burton, entra neste último.
Baseado levemente em um curta live action de 1984, de mesmo nome, mesmo diretor, o filme conta como um garoto Victor Frankstein – nunca foi o nome do monstro – revive seu cachorro. Seria um filme normal, talvez até clichê, não fossem as piadas inteligentes, referências aos clássicos, novamente, e o estilo visual que casa perfeitamente com o clima.
A película foi inteiramente feita em Stop Motion, técnica de se filmar cada frame movendo um objeto inanimado, neste caso massinha, algo bem no estilo de A Noiva Cadáver ou O Estranho Mundo de Jack, outras duas fortes recomendações para essa época do ano. É, apesar de ser animação computadorizada, não podemos esquecer do fantástico 9, que emula bem a sensação.
Mas a parte que mais chama atenção é a renovação do cinema preto e branco, uma clara homenagem ao clássico que originou o filme. Não consigo pensar em nenhum outro que tenha tido essa abordagem, com exceção do cult Nebraska, onde a utilização se deve por fatores completamente opostos.
Seguindo a ordem maluca que inventei na minha cabeça temos o Lobisomem, um exemplo perfeito de Fission Monster. Poucos sabem, mas está lenda teve origem na mitologia grega, e geralmente acarreta o papel de punição. Uma maldição que obriga o homem a se transformar em lobo toda lua cheia.
Assim como no caso de Frankstein a criatura chegou as telas, com The Werewolf em 1913, e desde então não param de surgir adaptações, cameos e até crossovers. O problema aqui é que, por mais que eu tente, não consigo lembrar de um filme decente onde ele é a estrela, ao menos se tratando de adultos.
Minha única lembrança positiva, e taque nostalgia nela, vem do filme Teen Wolf de 1985 onde um lobisomem adolescente, vide título, joga basquete… sim, é tudo que lembro. Para não ficar uma recomendação meio murcha vamos encarar a transformação como um coming of life, seguindo o proposto por Ookami Kodomo no Ame to Yuki, ou Crianças Lobo, no Brasil.
A história nos é apresentada em dois períodos, o passado onde a jovem Hana vive um romance com um licantropo, um período que varia muito no clima e mostra tanto a alegria quanto a tristeza que vem com o relacionamento, e o presente, onde Hana, já viúva, se muda para o interior em ordem de cuidar melhor de seus filhos.
O segundo e onde se passa a maior parte do filme, e tem como narradora Yuki, a filha mais velha do casal. E bem interessante as diferenças apresentadas entre a vida na cidade e no campo, principalmente se tratando da liberdade e das interações entre a vizinhança, além é claro das dificuldades que cada uma apresenta.
Foi o que mais me animou no filme, porém não é o ponto de destaque. A grande sacada e mostrar o crescimento dos filhos, cada um seguindo um rumo diferente e descobrindo a beleza de ser um humano e as maravilhas de se transformar num lobo, tudo isso com a dose certa de fantasia, uma pitada única que deixa o enredo com o clima realista que propõem.
Dramático, interessante, relaxante, divertido e até mesmo fofo. Não me faltam adjetivos para me referir ao filme, e apesar de não ser do gênero terror acredito ser uma ótima proposta para se fechar o dia.
Agora, analisando os monstros citados no início, só me falta mencionar as múmias, mortos vivos enfaixados das terras de Tutancâmon. Eu pesquisei, tentei lembrar, forcei muito a memória e so me vem à mente dois títulos, a trilogia A Múmia e o nostálgico desenho Múmias Vivas.
Talvez seja melhor analisar outro tipo de cadáver, indo direto para a febre moderna dos zumbis. Já temos dois títulos resenhados aqui no site, e que você faria muito bem em ler. As primeiras impressões de Apocalypse no Toride, um tanto quanto clichê, mas com ideias interessantes envolvendo super walkers, e a resenha de I Am a Hero, um dos meus mangás favoritos e que já digo, deixa The Walking Dead no chinelo, e eu amo TWD. PS: Esse último também é uma boa pedida.
O problema com esses três, e diversas outras obras que li, é a duração. São leituras rápidas, com ritmo empolgante, mas tem volumes de sobra para te manter entretido por alguns dias, provavelmente meses se contar que estão todos em publicação. Logo vou apelar novamente para os filmes.
A Noite dos Mortos-Vivos, World War Z, Planeta Terror. A variedade é tanta que existem filmes para todos os gostos, seja algo trash, com foco na ação ou jatos e mais jatos de sangue, quem sabe tudo isso combinado em uma so epidemia.
Vou falar, porém, de um filme que por muito tempo foi o meu favorito no dia de todos os santos. Já viram o meu chart de 150 animações? Lá eu recomendo uma porrada de coisas. São horas e mais horas na poltrona para ver tudo, poucos discutem comigo sobre os presentes na lista, mas uma obra sempre levanta perguntas. Scooby-Doo na Ilha dos Zumbis.
Certo, por onde começar? O cão mais guloso da TV teve sua estreia em 1969 e desde então não parou, com um mistério atrás do outro milhões de vilões foram desmascarados, mas poucos são os casos que envolviam perigos reais.
Os 13 Fantasmas do Scooby-Doo e Scooby-Doo e a Escola Assombrada são exemplos de que nem todas as series e filmes se mantiveram na onda dos fantasiados, porém possuíam um problema grave chamado de Scooby-Loo. Por algum motivo este infame personagem sempre estava presente, muitas vezes como centro da atenção, nas obras que buscavam esse clima mais dark. Isso se ignorarmos o roteiro. O único filme com presença do filhote que se mantem e o live action Scooby-Doo de 2012, e por um motivo obvio, mas não vou estragar a surpresa.
Ilha dos Zumbis descarta o cãozinho e reúne a turma para uma última investigação. Cansado de viver na sombra da sociedade Freddy resolve seguir rumo ao estrelato, mas sem se desfazer do emprego antigo, assim propondo a seus amigos que eles viagem para uma ilha amaldiçoada na Luisiana em ordem de gravar um documentário sobrenatural.
O lugar dá calafrios. Um pedaço de terra no meio de um grande pântano, cercado por crocodilos, uma mansão velha e, obviamente, mortos vivos. O cenário, desenhado a mão, e a trila sonora garantem o clima perfeito para assustar aquele seu priminho chato e de quebra fazer ele rir das bobagens da dupla Salsisha e Scooby.
Bem, é isso, vou deixar o real enredo deste último como surpresa, senão não seria um mistério, não é? Agora aproveite essa última hora de Halloween, me desculpem o atraso, tive de coletar tripas, cérebros e alguns galões de sangue para a minha ceia. Muwahahaha!