Basketful of Heads – Cabeças rolam do suspense ao trash

Texto com base em: Basketful of Heads e Refrigerator Full of Heads. Ainda tera mais dentro da serie, mas as historias fecham.

Cesto de Cabeças, ou no original, Basketful of Heads, é uma das raras obras que eu recomendaria ler sem saber absolutamente nada. Olhe a capa, veja o nome estampado. JOE HILL. Se contente com isso. Um grande escritor de livros de terror e também excelente quadrinista, responsável pelo já clássico, ao menos para mim, Locke & Key. Pois qualquer detalhe extra, sinopse, capas alternativas ou folheada no material vai revelar mais do que o necessário.

Por ser uma história mais de terror do que o HQ previamente mencionado, olhar esses detalhes acabam deixando claro quem vai morrer e parte do plot, aqui bem mais ligado ao suspense e mistério. Mas o principal é que fazendo isso você já sabe quem é o assassino do machado, e eu acho a identidade dele uma das partes mais legais do enredo. Tanto que tentei colocar para ilustrar páginas bem mais leves, que não revelam muito.

O que vale saber antes de iniciar a leitura é somente o início. Coisa de primeiras páginas. Começamos no futuro, com o assassino na chuva, cesto cheio tal qual o título, vozes do além e uma camionete parando. “O que faz aí nessa chuva?”. Lá fora o machado maldito, dentro do veiculo uma espingarda bem colocada, e então voltamos ao passado. Uma ilha ensolarada, final de verão. Lian e June no maior love. A garota da cidade visita o namorado que passou as férias como assistente da polícia local. E segue dessa forma amena, leve, mostrando a bela ilha e parte da população.

Aos poucos os personagens aparecem. O chefe de polícia, seu filho e esposa, a empregada, e assim se segue rumo a um dia de confraternização. Jantar na casa do patrão, por que não? Um ótimo final de dia, até que o telefone toca. 4 detentos escaparam, um deles assassino convicto. O grupo se separa, cada um para um lado, mas Lian e June ficam no casarão. Afinal, é o último dia deles na região.

A noite cai, o romance decola, algo bate ao chão, ou se quebra, ou ou… arrombaram a casa! Ladrões? Não, fugitivos. Um deles assassino, matou as filhas. O que fazer? Lian corre para o cofre de armas, June se esconde, e assim começa o pesadelo. O resto você descobre aos poucos, o quão pior pode ficar. Começando com uma enchente que isola a ilha e a queda completa das redes de energia.

Como já disse o enredo gira em torno do suspense, com um forte mistério ao fundo, daqueles onde cada detalhe está interligado em algo maior. Mesmo peças pequenas que nem comentei. E se for atrás de mais, sem ler, amigo, aí é spoiler certo. Tirando um detalhe. Cesto cheio de cabeças, vozes do além? Pois bem, outro grande chamariz é a maldição do machado. Pois quem por ele for decapitado, continua vivo eternamente.

Isso faz com que os personagens continuem suas histórias mesmo após mortos de forma brilhante. É macabro, é cruel, mas também gera momentos de comédia que aliviam bem a tensão. Momentaneamente. Pois amigo, a desgraça não para, e tem coisas piores que o machado. E eu amo esse estilo rápido de escrever de Joe Hill (Plunge, Rain). As ilustrações de Leomacs (Rogues) e as cores de Dave Stewart (The Walking Dead, Surfista Prateado: Escuridão) também ajudam bastante nisso, dando tons perfeitos a cada situação, com destaque às expressões de cada personagem.

E tudo acaba de forma muito boa, fechando bem o quadrinho. Normalmente eu não comento isso, mas como saiu uma sequência é bom afirmar que você não precisa ler ela se não quiser. Acaba fechadinho mesmo, bem satisfatório, tal qual as temporadas de Stranger Things. E da mesma forma meteram o sequel pra sair, porque sim.

Refrigerador de Cabeças ou Refrigerator Full of Heads, segue sendo sequência somente por conta do machado e de um único sobrevivente. Porém coloca outros personagens como protagonistas e define antagonistas logo de cara, desviando completamente do terror, em algo que eu faria comparação direta a O Máskara. No HQ do cabeçudo verde temos um artefato nordico também, a própria máscara. E ela faz o detentor ser basicamente um assassino, como digo no meu texto analisando tudo do personagem. Eventualmente ele toma o rumo cômico, pois estava lá e cabia perfeitamente. Da mesma forma, a ação sempre esteve em Full of Heads, e na troca do time criativo foi onde encontraram como seguir.

Joe Hill sai para entrar Rio Youers (Sleeping Beauties) como escritor. Já na ilustração temos Tom Fowler (Livros da Magia, Quantum and Woody) e cores de Bill Crabtree (Invincible, TMNT: Bebop & Rocksteady Destroy Everything). Um time bem inferior, talvez com exceção do colorista que considero no mesmo nível. Isso comparando o trabalho destes apenas na série Full of Heads, e sem jamais colocar Refrigerator como algo ruim de fato. Diria que entra mais como nicho.

O lance é que Basketful parece um puta filme de terror e suspense, enquanto Refrigerator é aquele seu trash maroto cheio de sangue e tripas, piadinhas e ação sem parar. Tal qual disse no começo, o horror some completamente, a não ser que considere violência extrema e monstros o suficiente para a classificação. Com uma pitada de fantasia nórdica fechando tudo.

O que faz Refrigerator ainda ser bom é a criatividade na hora de meter absurdos, como tubarões decapitados ou a jornada de uma cabeça. Fora ainda possuir personagens bem carismáticos. Rostos menos expressivos, mas nada que detone de fato. Quando menciono ser inferior é por pouco, deixando Refrigerator como aquela sequência esquisita que deveria dar errado, mas no fim diverte pra caramba.

E falando de sequências. O plot das armas nórdicas não acaba aqui, com direito a um teaser do que vem por aí. Dessa vez definindo o vilão sem nem mesmo confirmar que vai ter a parte 3. Um ponto que não me agrada tanto, pois não sei se a série teria fôlego para mais uma investida, a não ser que mude novamente para algo inusitado. Quem sabe uma comédia macabra? Acreditem, cairia como uma luva depois de tudo que aconteceu.

No geral eu recomendo lerem Basketful of Heads e aproveitarem toda a obra sem spoilers. Já Refrigerator, ele é… algo. Eu amo pegadas trash e por isso fui fundo. Mas consigo ver fácil a decepção caso você queira mais daquele suspense gostoso e personagens mais profundos. Portanto a sequência acaba sendo só um extra pra quem achou que Basketful poderia ter mais sangue, mortes e muita ação tosca. Tipo um Evil Dead da vida.

GALERIA BASKTFUL OF HEAD

GALERIA REFRIGERATOR FULL OF HEADS

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