Resenha com base nos capítulos de 1 a 98
Se você tem o aplicativo WebToon deve estar familiarizado com esse nome. Lore Olympus é um dos maiores sucessos desse app de quadrinhos online, ao ponto de ficar incontestável nos tops de romance e no próprio top de melhores do aplicativo. É literalmente o número 1, o mais popular com 99,999 likes em cada um dos capítulos, sem exceção.
E eu não queria ler. Sabe, eu não sou o maior fã de histórias de romance e segui lá no aplicativo procurando coisas mais de ação, indo em obras questionáveis como Elf & Warrior, até que fiquei de saco cheio. Pois nessa minha de ir atrás das coisas evitando gêneros e buscando por conta própria eu so achei 3 obras sequenciais boas.
Ai na falta do que ler fui em cada um dos tops e abri o primeiro capítulo de cada para dar uma espiada rápida. E o primeiro ponto que me conquistou em Lore foi a arte. Aquela mescla de cores cheias de simbolismo, cenas mais artísticas e belos personagens. Julguei pela capa sim, e nessa vez foi algo bom eu ter feito isso.
Talvez não caia no gosto de todos esse estilo, com os personagens fugindo muito do manhwa, que é o principal do app, e caindo mais para uma mescla de mangá com quadrinhos alternativos americanos, mas é justamente nessa diferença que eu vejo a beleza no traço.
Para completar isso, esse HQ traz uma mescla de mitologia grega com os tempos modernos, e ver esses personagens adaptados para esse traço e essas condições é algo fenomenal e um prato cheio para todos os amantes de história. Sendo esses dois fatores os primeiros que me cativaram na obra.
Era muito gostoso deitar na cama e pegar meu celular para ler cada vez um pouco mais antes de dormir. Eu queria ver o mundo adaptado expandir e apreciar a arte deslumbrante. As cores mesmo, como bem disse, entregam um certo simbolismo, e não para nelas. É tudo muito dedicado ao contexto de cada entidade do panteão grego.
E falando nelas, o terceiro ponto chave foi o carisma. Primeiro vem a fisgada mostrando coisas como deuses em balada ou uma Artemis meio punk, e então por meio desse chamariz conhecemos cada vez mais cada um dos personagens e não da outra. Nesse ponto já não tem volta, você vai quer ler tudo de Lore Olympus, principalmente se gostar de Hades e Persephone.
É uma história de romance, como eu falei no começo. Baseada no mito de Persephone. Você não precisa realmente conhecer toda a história, mas existe genialidade nessa escolha. No tal mito Hades sequestra Persephone, coisas ocorrem em desagrado ao ato, mas no fim ambos acabam se casando.
A parte do sequestro em si obviamente e removida, junto do fato de Hades ser Tio da deusa entre outros, mas a escolha se dá mais por conta de Hades so ter tido amante. Ou em outros termos, ele era o fiel em meio a um mar de deuses promíscuos. E eu particularmente gosto dessa escolha, pois novamente entra naquilo de adaptar as entidades, mas sem remover trejeitos mais marcantes.
E o lance entre Hades e Persephone se dá de maneira bem mais light, apesar de não tão delicada. Tudo começa numa balada, simplesmente por Hades dizer “Persephone é mais bela que Aphrodite”. E então Eros, filho de Aphrodite, leva Persephone a beber demais e a joga na traseira do carro de Hades. Logico que o intuito era causar um confronto entre ambos, porém Hades a conduz para o quarto de hospedes de sua casa, ela eventualmente acorda e em vez de briga, devido a maneira como o deus do submundo se porta, ambos passam a se conhecer numa tranquila conversa.
Voltando novamente ao mito de Persephone, dizem que Hades se apaixonou à primeira vista. E certamente foi o caso, tanto que poderia acabar ali. Porem nesse enredo Hades tem uma namorada Ninfa e vive ocupado com sua empresa, enquanto Persephone faz parte de um grupo de deusas do celibato. Ou seja, que se abstém de relações sexuais. E que caso caia em tentação vai perder a chance de permanecer no olimpo e na universidade.
Com isso o enredo de Lore Olimpus segue num estilo Slice of Life com pitadas de romance e aquele drama bem encaixado. E devo dizer, com diálogos sensacionais e tocando em assuntos bem polêmicos. Como sexo, traição, estupro, difamação e o próprio celibato, entre outros. E de quebra mete alguns mistérios, como o fato de Persephone antigamente se chamar Kore e a relação entre Aphrodite, Eros e uma mortal, em outra história de relacionamento.
E está aí uma palavra que se encaixa muito bem nessa trama. Relacionamento. Não apenas amoroso, mas entre amigos, familiares e colegas de trabalho. Novamente caindo no Slice of Life e abrindo brecha para explorar todos os personagens. E diria mais, não tem um deus que seja apresentado que é mal utilizado e toda a trama flui perfeitamente, como se tudo já tivesse sido bolado a décadas.
No fim Lore Olympus é um quadrinho extremamente agradável e digno de estar no topo de um site tão prestigiado. Uma obra sem igual, em todos os aspectos, com um romance que vai fazer até mesmo o mais enrrustido no gênero apreciar a obra e torcer pelo o casal, por mais que o destino deles esteja escrito em pedra.