O longo dia das bruxas. Eu vi esse trabalho sendo eternizado nas redes sociais como o único trabalho bom de Jeph Loeb. Literalmente isso. Sem colocar como algo a se ler do Batman ou como uma ótima obra da DC. Não, somente “o único trabalho bom”. Uma frase que dá para se entender como “esse cara so fez bomba, mas esse aqui da pra ler”. Sabe, não é uma forma muito atrativa de se colocar uma obra.
Devido a esses comentários, foi preciso que o filme de animação Batman: O Longo Dia das Bruxas recebesse data de estreia para que eu se quer cogitasse ler o HQ. E isso ainda um tanto forçado, pois quando não estão falhando em indicar a obra costumasse desdenhar dela começando pelo traço do ilustrador Tim Sale. Estranho, cartunesco, muitas sombras, e assim vai.
Pessoalmente alguns desenhos de Tim realmente me incomodam, mas olhando melhor o título pude perceber o quanto esse estilo combina com o cavaleiro das trevas, colocando certos momentos em algo mais surreal e em outros fortalecendo a temática de máfia presente em toda a obra.
Batman: O Longo dia das Bruxas é um mistério policial de primeira, onde você fica intrigado a cada novo capítulo dessa minissérie. A todo momento Loeb brinca com o que sabemos da trama, jogando migalhas para o leitor e sempre omitindo diversos fatos. Nada de expor demais os detalhes. So recebemos o fundamental para ficarmos investidos. Assim mostrando que não é simplesmente uma trama boa, mas sim algo excelente.
Em paralelo a esse grande mistério de assassinatos em série temos a interação entre duas máfias, além de conflitos pessoais de Batman, Harvey Dente e James Gordon. São pedaços mais voltados ao drama e em como o trabalho de cada um influencia em sua vida pessoal.
Isso quando não existem mais divergências. Coringa escapou. Mulher-gato está investigando a cena. Solomon Grundy ronda os esgotos de Gotham. E assim vai, distração após distração. O que por vez retira o monótono da investigação e puxa a obra para a ação, ao mesmo tempo que entrega ao leitor mais detalhes a se considerar para tentar desvendar o grande mistério. Quem é Feriado?
Um nome mais que apropriado para um copycat do temível homem-calendário. Holiday é mais um assassino meticuloso, que mata sempre em feriados, deixando somente 3 pistas. Uma arma sem numeração, um bico de mamadeira e um símbolo festivo. Poderia ser so mais um maluco de Gothan, se este não chamasse tanta atenção. Ataques diretos a grande máfia de Falcone e nem um vestígio do culpado, ou culpada, a vista.
É realmente um mistério viciante, daqueles que você não quer parar até chegar ao resultado final. Com divergências e reviravoltas a cada esquina. Sempre mais um detalhe, um pedaço revelado, e por mais que você ache que consiga prever o rumo do enredo, Loeb vai lá e estampa um tremendo NÃO nas páginas sem dizer nada. E nem mesmo ao final de tudo você poderá ter certeza absoluta dos ocorridos nesse longo dia das bruxas.
Em minha opinião, esse não é somente um quadrinho bom de Jeph Loeb e Tim Sale. Esse é um dos grandes clássicos da DC.