Jujutsu Kaizen – Odeio, mas continuo

Texto com base em: Jujutsu Kaizen mangá #01 ao #210, anime s01, Jujutsu Kaizen Zero mangá e filme. Não contém spoilers.

Minha relação com Jujutsu Kaizen é no mínimo complicada. Mais um grande sucesso da Shounem Jump, com milhares de seguidores e um anime extremamente bem posicionado em pesquisas de popularidade. Do tipo que dá medo de falar algo, seja bom ou ruim, de tão grande que é a fã base. E que ainda assim me inclino à segunda. Bora “falar mal”.

Lembrando que colocar pontos ruins na mesa não significa falar para ignorarem anime ou mangá. O problema é que eu acho que Jujutsu tem uma ideia bem genérica, no caso de ser uma organização com jovens que caçam monstros, onde as criaturas aqui seriam maldições em nome. E típica estrutura de 3 personagens e um mestre também é bem comum.

Se você já leu muitos mangás vai olhar elementos aqui e ali e associá-los a Naruto, D. Gray-Man, Bleach, Chainsaw Man, Blue Exorcist, Soul Eater, etc. E não vai achar o charme desses dentro da obra, ao menos no começo. Pois querendo ou não, Jujutsu inicia bem fraco e demora para colocar uma identidade maior na obra. Momentos bem confusos e um torneio de imediato, num enredo que parece não permitir tal coisa, só piora essa sensação. Ao ponto de que eu cogitaria ver o anime e pular o mangá.

Sim, você leu certo. Tem interesse, assista o anime. Pois ele concerta parte dos problemas do início tornando a experiência mais tolerável e ainda adianta o espectador no ponto mais alto da obra. As lutas. Algo que pra mim só tem início de verdade com Hanami, a maldição das plantas, no capítulo 45. E que ainda assim sofre por conta dos pontos confusos que mencionei, tais como menções ao one-shot zero e explicação de poderes, tal qual o golpe Black Flash.

Isso são 5 volumes basicamente para ter a parte boa iniciando. No total do anime vão ser 7 volumes. 63 capítulos no total que você vai poder consumir mais rapidamente, assim pulando as partes mais problemáticas da obra. E de brinde vai receber algo muito bem animado, que muitos inclusive apontam como melhor que as lutas do mangá.

Nisso de comparar as lutas, eu acho que sim, melhora várias delas, mas não é algo tão absurdo como colocam. O mangá aos poucos vai chegando num nível similar em qualidade, com algumas praticamente iguais ou até melhores nesse tempo, chegando ao ponto mais alto a partir do capítulo 65, o qual deve iniciar as adaptações do anime na temporada 2.

Portanto, pode ver a S02 do anime se quiser, mas eu não descartaria abandonar o anime e pular no mangá justamente no final da S01. Seria o ponto perfeito para conseguir aproveitar Jujutsu no nanquim, passando pelos “arcos” de Toji Fushiguro, Mecha Maru e Shibuya, que são as partes que mais recomendo lerem.

Isso é, com uma pequena parada antes no já mencionado Jujutsu Zero. Eu li o one-shot, por coincidência, quase no mesmo ponto em que a S01 termina. Logo posso dizer que terem feito o filme entre as temporadas ficou perfeito, e o longa também acabou sendo melhor que o mangá. Talvez até demais.

Zero conta uma história anterior, prequel, com Yuuta Okkotsu de principal no lugar de Yuuji Itadori. No mangá essa parte fica muito estranha, parecendo por bastante tempo algo a ser ignorado e com brechas no roteiro. Já o filme conserta esses pontos, adiciona trechos novos complementando e ainda adianta certos elementos do arco de Shibuya, fazendo tudo encaixar melhor e dando a introdução e drama necessários a certos personagens.

Isso é o lado bom do filme, e eu poderia continuar falando como ele é perfeito frame por frame no quesito de animação, com luzes e um clima muito bem encaixados no topo de expressões fantásticas que chega melhoram algumas cenas. Mas existem alguns problemas aqui, infelizmente.

Zero conta com muito fanservice nos pontos extras, e no meio disso desvirtua parte da ideia ao colocar os alunos de Kyoto sem motivo. Eles não eram para estar todos no confronto e a cena acaba fazendo ligação com a s01 do anime de forma tosca. Assim tirando a oportunidade do zero ser uma porta de entrada pro anime e mangá. Ainda pode servir, mas ficou claramente sendo um fanservice a quem viu a s01. Sem nenhum contexto, fica parecendo que gente aleatória ocupou tempo em tela.

E ainda assim, tudo me leva a indicar o anime. O mangá realmente só vinga no famoso “fica bom só no volume X”. Ao ponto de me perguntar se vale indicar ler ou seria preferível ver tudo animado. Sendo que ao começar pelo mangá, os pontos que me fizeram continuar tão longe fooram apenas os vilões.

Jujutsu tem personagens bem interessantes, com alguns inclusive que me pegaram no carismas, mas os malvados é outro nível. Eu adoro praticamente todas as maldições de nível alto e o grande vilão Suguru Getou, com destaque a Mahito, a maldição dos humanos. Pois eles, por mais que não pareça, não são inimigos completamente maus. Existe algo ali a se enxergar que cria uma complexidade em cada personagem. E ainda assim são todos horríveis e cruéis, ao ponto de não dar para usar a máxima de que seriam “personagens humanizados”. Indo mais para uma empatia de sentimentos comuns a humanos, mas distorcidos, que vão para a espécie “maldição”.

Logo são vilões de múltiplas camadas, muitas vezes assustadores. Que juntando a ação que só melhorava foi motivo suficiente para progredir nesse “guilty pleasure”. Onde no arco de Shibuya temos o grande climax de diversos desses personagens com um pico em qualidade nas lutas e momentos genuínos de enredo. Ao ponto de que eu colocaria que, ali sim, Jujutsu já conseguiu encontrar seu caminho para se diferenciar dos demais.

O grande problema é o que vem depois. O after match de Shibuya é legal, mas vai direto pra um battle royale cheio de poderes mal explicados e parece que tudo que reclamei do início começa a voltar. Onde nem mesmo as lutas ajudam tanto e a falta de vilões mais presentes, ou outro tipo de personagem bem escrito, afeta muito a obra. É quase que um dumpster dive de secundários, o que faz sentido na situação, mas que não acrescenta nada no geral. Com planos mirabolantes por parte do Getou se tornando cada vez mais bizarros e muito deus ex machina nas soluções.

Logo o que poderia ter virado uma recomendação daquelas de insistir um pouco na obra, se tornou um pedido de socorro. Eu quero parar de ler Jujutsu, mas eu já estou investindo demais na obra e fico naquele sentimento de que preciso acabar. É bom consumir de tudo, seja do melhor ao pior, mas eu queria que alguém viesse falar pra mim “olha, tu pode dropar”. Por mais que Jujutsu no meu ver não esteja nem no topo, nem no fundo da pilha.

Digo isso pois o mangá tem sim pontos bem legais e dá pra aproveitar, se divertir. Eu li muita coisa pior. Mas ao mesmo tempo esses defeitos incomodam profundamente e eu também conheço muita coisa superior. Daí quando você fica nessa inconsistência entre arcos, é óbvio que vai existir o desejo de largar tudo. “Será que eu não poderia gastar meu tempo com algo melhor?” É o sentimento que fica no fim. Ao mesmo tempo que você continua pensando “Será que vou me arrepender se não ler tudo?”. E assim fica que nem eu, odiando, mas sem pular fora. No máximo arrastando a leitura.

Vamos agora aguardar a S02 do anime e ver se ela também ajuda o mangá e, quem sabe, chegando nesse outro ponto ruim ele também não arruma tudo.

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