Corso – Uma aventura com ar de clássico

Dizer que eu li um HQ brasileiro por simplesmente compararem a Star Fox é estranho? Pois bem, eu fiz isso com Corso, de Danilo Beyruth (Bando de Dois, Astronauta). E entendo muito bem de onde tiraram isso, pois se trata de um sci-fi com animais antropomórficos, ou furry se preferir, em um planeta inóspito com criaturas fantásticas. Quase que como um Star Fox Adventures feito de maneira correta, com nave caindo a deriva e tudo.

Algo que inclusive daria para comparar a reinterpretação do personagem Astronauta, feito por Danilo para a Graphic MSP. E que eu consigo puxar para várias outras obras. Usagi Yojimbo, Bucky O’Hare, Como Cães e Gatos, etc. Sem deixar passar as inspirações ditas pelo próprio autor, como Bone e as histórias clássicas do Tio Patinhas.

Resumindo novamente, Corso é um sci-fi com animais, mas acima de tudo é uma grande aventura, e é daí que me veio esses outros títulos como comparação. De Usagi penso no guerreiro vagando sozinho, Bucky e Star Fox e a parte mais sci-fi e o terrível longa Como Cães e Gatos me remete justamente ao embate entre raças, aqui representado por essas 2 criaturas, mas que podia muito bem ser qualquer outra coisa.

Digo isso pois tirando a parte visual não existem realmente diferenças tão grandes, fazendo assim um paralelo direto ao racismo e xenofobia, e se utilizando dos animais apenas para deixar aquilo bem claro ao leitor. Um ponto bem fortalecido ao decorrer da obra, e que eu diria ser também o mais impactante.

Lógico que como toda boa aventura temos nossa dose de ação e fantasia, sem contar a graça do descobrimento e a persistência de Corso para sobreviver, tudo num visual fantástico de fazer os olhos brilharem. Todos pontos excelentes e muito bem trabalhados, mas que ficam à sombra da interação do protagonista com a raça inimiga. Para mim, o grande ponto alto da obra. Com demais detalhes focados em expandir o mundo e definir características dos personagens.

Tudo é basicamente focado nisso. Apresentar essa dissonância entre espécies e contribuir para a evolução de Corso, jamais colocando a guerra como ponto central. Na verdade não se dá um motivo a ela, fazendo o leitor até se questionar se não foi algo esquecido no passado, reforçando a ideia de um preconceito herdado.

E à medida que vemos Corso mergulhar no mundo alien, temos uma leve ideia de sci-fi ecoando em nossa mente. Esse planeta… o que realmente é? Passado? Presente? Paralelo? Esquecido? E mil teorias se juntam, no outro ponto que mais gostei do enredo. No final da obra os pontos mais importantes são resolvidos, mas esse detalhe do mundo é deixado para que o leitor interprete como achar melhor, mergulhando fundo na ficção científica sem colocar teorias mil em textos demasiados. È simples, e funcional.

Espero que não tenha revelado muito, pois apesar das suas 228 páginas, Corso é uma história curta. Poucos balões, cenas rápidas, mas ainda assim com muito conteúdo. Naquilo que colocaria como um enredo de ritmo rápido e extremamente agradável, que não se apega no desnecessário, indo sempre direto ao ponto e fazendo seguir num fluxo constante.

Algumas pontas vão ficar soltas, mas nada que atrapalhe a parte central. Corso é muito gostoso de ler por isso, sendo uma aventura incrível que eu pessoalmente já sonho com uma continuação, ou quem sabe um prelúdio na guerra. Mas que ainda assim, se ficar só nisso, me mantenho pra lá de satisfeito. Podem ler sem medo, o nosso Star Fox brasileiro, que na verdade é muito mais.

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